A aurora polar, fenômeno natural caracterizado por luzes coloridas no céu, é causada pela interação de partículas carregadas de energia provenientes do vento solar com a camada magnética da terra, conforme explica o astrônomo e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Basílio Santiago.
"O Sol não apenas emite luz, mas também o que chamamos de vento solar, que são partículas subatômicas de alta energia", diz.
Algumas partículas são desviadas, enquanto outras interagem com as linhas do campo magnético da Terra - as correntes das partículas dentro dos campos magnéticos se dirigem aos pólos. Essas correntes são chamadas "correntes de Birkeland", em homenagem ao físico norueguês Kristian Birkeland, que as descobriu no início do século 20.
"Ao se concentrarem lá, elas (as partículas solares) interagem com as partículas das camadas mais altas da atmosfera terrestre, o que leva à emissão de luz. É isso que vemos no céu, quando perto dos pólos, na forma de aurora boreal ou austral", esclarece Santiago.
Uma aurora polar normalmente é observada à noite e ocorre na ionosfera, onde as partículas colidem nos íons de oxigênio e nitrogênio e transferem para eles sua carga de energia. Ao voltar para suas orbitas originais, os elétrons nos átomos de oxigênio e de nitrogênio irradiam energia em forma de luz. Essa luz produz a aurora, e as diferentes cores provêm da irradiação dos diferentes íons.
Em latitudes do norte, o fenômeno é chamado de "aurora boreal". O nome vem da deusa romana do amanhecer, Aurora, e de Boreas, o deus grego dos ventos norte. O povo indígena Cree chamava a aparição das luzes de "Dança dos Deuses", enquanto na Idade Média as auroras eram consideradas sinais divinos.
Nas altas latitudes sul, o fenômeno é muito semelhante ao que ocorre no norte, porém recebe o nome de "aurora austral". Só é visível em locais como a Antártida, o sul da América do Sul ou Austrália.
A aurora não é exclusividade da Terra. Como é um fenômeno externo, ela pode ocorrer em outros planetas próximos ao Sol, como Vênus e Marte. Saturno e Júpiter também possuem campos magnéticos e grandes cintos de radiação. O efeito da aurora vem sendo observado em ambos, mais claramente com as descobertas feitas pelo telescópio Hubble.
Forte abraço,
Prof. Sérgio Torres