Em ciência não há intermediários nem revelações, embora o papel do indivíduo, sua genialidade e criatividade sejam fundamentais. No entanto, é impossível a alguém que não saiba física, por exemplo, formular uma lei física - seria o mesmo que escrever uma frase ou poesia numa língua que não se conhece.
A ciência é uma construção humana e qualquer passo adiante só pode ser dado por quem já percorreu ou conhece os anteriores. Todos os grandes cientistas, em qualquer época, só foram capazes de dar contribuições novas e relevantes porque conheciam a fundo a ciência com que trabalhavam e a ela se dedicaram intensamente.
Assim, é preciso que o conhecimento científico atinja um estágio mínimo para que sejam possíveis novas descobertas. Se Einstein não vivesse na época em que viveu, jamais poderia ter formulado a Teoria da Relatividade - ele não disporia do conjunto de conhecimentos necessários a essa formulação.
Outra diferença entre profecias e previsões científicas está ligada ao objetivo da ciência. Ela busca compreender e controlar a natureza e, portanto, precisa ser eficiente, seus princípios e leis devem funcionar. Isso obriga os cientistas a verificarem a validade de suas previsões, a comprová-las experimentalmente, reformulando ou rejeitando aquelas teorias ou hipóteses cujas previsões não se ajustam aos fatos.
Além disso, à medida que o ser humano aprofunda o seu conhecimento da natureza, torna-se necessário também aprimorar o saber científico, o que exige contínua atualização e reformulação dessa forma de conhecimento. Por essa razão, a ciência não tem verdades definitivas ou dogmas. Todas as teorias, leis e princípios científicos são provisórios, valem durante algum tempo e em determinadas condições.
Uma última e importante diferença entre profecias e previsões científicas está na linguagem em que elas são enunciadas. Em ciência, as palavras têm um significado preciso, restrito, não podem dar margem a diferentes interpretações. Nas profecias ocorre exata-mente o oposto. Elas são expressas com palavras ou frases carregadas de símbolos, de múltiplos sentidos, de metáforas. Como saber o que de fato António Conselheiro pretendia dizer com sua profecia? A praia e o sertão trocariam de lugar literalmente, ou uma represa cobriria sua aldeia - o que de fato ocorreu -ou, ainda, os oprimidos sertanejos que o seguiam se libertariam de seus coronéis opressores, numa simbólica pregação revolucionária?
A partir dessas considerações, talvez fôssemos tentados a concluir que só as previsões científicas mereçam crédito, as profecias não. Isso seria um equívoco. A ciência tem métodos para a busca do conhecimento que exigem um contínuo aprimoramento, mas esse processo não garante que ela chegue a algo que se possa chamar de verdade.
O conhecimento científico, embora cresça de forma assustadora, ainda está muito longe de oferecer ao ser humano qualquer resposta às suas indagações básicas, como o porquê e o para quê da sua própria existência. Até mesmo a razão última de eventos estritamente materiais dificilmente é explicada pela ciência: a física afirma que cargas elétricas de mesmo sinal se repelem e de sinais contrários se atraem, mas, por que isso acontece, ela não explica.
Há cerca de um século, grande parte da comunidade científica chegou a pensar que o conhecimento de todas as leis da natureza estava muito próximo de ser alcançado. Mas a própria ciência lhes apresentou novas e intricadas questões, mostrando que a natureza era muito mais complexa do que se imaginava.
Hoje, a única certeza é a de que, em ciência, não há certezas. Por isso, o ser humano utiliza também outras formas de conhecimento, segue suas intuições, seus profetas, seus mitos, suas religiões.
A contribuição da ciência, e da física em particular, ao conhecimento do universo em que vivemos é inestimável e cresce vertiginosamente a cada dia. Ela está presente em todos os campos da ativi-dade humana, mas não tem, e decerto não terá, respostas a todas as nossas indagações e necessidades. No entanto, desconhecê-la é desconhecer uma grande parcela de todas as conquistas do ser humano desde o seu surgimento neste planeta.
Conceito de ciência
A palavra ciência tem inúmeros significados. Estamos adotan-do aqui o seu significado filosófico: ciência é o processo pelo qual o homem se relaciona com a natureza visando à dominação dela em seu próprio benefício. [Dicionário Aurélio Eletrônico)
Inscreva-se no blog pela pela tag lateral à direita acima
Grupo no Telegram https://t.me/fisicaseculo21
Instagram @fisicaseculo21
Twitter @fisicaseculo21
Adorei esse arquivo,parabéns!
ResponderExcluir(Bárbara Moura de Lima 3°"A")
Obrigado
ExcluirNão fique como anônimo
ResponderExcluirAtos do nascimento 3D
ResponderExcluirAtos, não deixe sua conta como "Unknown" (anônimo) logue-se ou caso não tenha conta no Google crie uma. Obrigado
Excluir