O século XX: revoluções na Física
O início do século XX foi marcado por duas grandes
revoluções na Física: a primeira, introduzida por Albert Einstein (1879-1955),
mostrou que os modelos da Física Clássica eram inadequados para descrever o
mundo das grandes velocidades e que alguns conceitos antes considerados
absolutos, como espaço e tempo, passaram a ser dependentes do estado de
movimento dos corpos. Além disso, Einstein mostrou que era possível obter uma
quantidade de energia gigantesca a partir da matéria, abrindo caminho para os
processos de produção de energia nuclear. Infelizmente, todo esse novo
conhecimento revelou também uma face assustadora, na forma de bombas atómicas.
A segunda revolução, ocorrida na mesma época que a primeira e desencadeada
pelos trabalhos de físicos como Max Planck (1858-1947), Niels Bohr (1885-1962)
e Werner Heisenberg (1901-1976), também revelou outro limite da Física
Clássica: o das escalas atómicas. Com a Mecânica Quântica, os físicos se
tornaram capazes de investigar a composição da matéria com um detalhamento
jamais imaginado, com o auxílio de aceleradores de partículas gigantescos,
equipados com detectores cada vez mais sensíveis. Nesta unidade, vamos estudar
as teorias que cientistas do século XX desenvolveram para explicar fenómenos
ainda não explicados e para tornar compatíveis teorias antigas e novas.
A teoria da relatividade restrita
1 Introdução
Como perceberíamos um feixe de luz se pudéssemos
acompanhá-lo na mesma velocidade? Albert Einstein fez-se essa pergunta ainda na
adolescência, e a questão permaneceu em suas reflexões durante muitos anos.
Quando conseguiu respondê-la, Einstein era um jovem físico de 26 anos e
trabalhava em um escritório do serviço de patentes em Berna, Suíça. A resposta
foi publicada em um artigo intitulado "Sobre a eletrodinâmica dos corpos
em movimento", na prestigiada revista científica alemã Annalen derPhysik.
em 1905.0 artigo continha as bases da teoria que abalaria os alicerces até
então sólidos e inquestionáveis da consagrada Mecânica newtoniana. A partir
daí, conceitos como espaço e tempo nunca mais seriam interpretados da mesma
forma. Einstein verificou que diferentes observadores que estejam em movimento
uniforme uns em relação aos outros percebem de forma diferente nâo apenas o
espaço, mas também a passagem do tempo. Essa constatação contraria totalmente a
Física Clássica, para a qual o tempo é um conceito absoluto, ou seja, é visto
da mesma forma por diferentes observadores que apresentem movimento relativo
entre Si-
Essa revolução na Mecânica afetou também outras grandezas,
como massa e energia, e ficou conhecida como teoria da relatividade restrita,
pois, embora transformasse quantidades consideradas absolutas em quantidades
relativas, era aplicada apenas a observadores que estivessem em movimento
uniforme um em relação ao outro. Veremos nas próximas seções algumas das
consequências da relatividade restrita, como o efeito da dilatação do tempo.
2 Teoria da relatividade
restrita
Na época em que Einstein era estudante de Física, o
Eletromagnetismo ainda não fazia parte do currículo universitário. Apesar dessa
limitação, ele estudou com profundidade os trabalhos de James Clerk Maxwell e
conseguiu perceber duas questões conflitantes entre o Eletromagnetismo e a
Mecânica de Newton. A primeira se refere à pergunta feita no início deste
capítulo: se um observador se movesse com a velocidade da luz e tentasse
acompanhar um feixe de luz, como ele o veria?