PRA QUÊ ESTUDAR FÍSICA? (Peça Teatral)
Personagens:
Dr. Freud – Professor
Diofanto – Aluno
Sr Mário – Diretor da Escola
Sr Sette – Diretor da Escola
Cenário inicial: sala de aula, professor com o sonho de ensinar ao aluno e o aluno não faz ideia do porquê está ali.
Dr Feud: Sou seu professor de física, Dr. Freud.
Diofanto: Dr. O quê?
Dr. Freud: Dr. Freud, e vou lhe ensinar “FÍSICA”
Diofanto: ai, ai, meu Deus do Céu!
Dr. Freud: Física é a ciência que estuda tudo, desde o movimento dos átomos até o movimento das galáxias.
Diofanto: E como você vai perguntar isso na prova?
Freud: Não deve se preocupar com prova, ok?
Diofanto: Como não se preocupar com a prova, você não vai fazer prova?
Dr. Freud: Vou, mas esse não é o caso, ok? Não se preocupe com isso agora. Então, o que é física?
Diofanto: É isso que você vai perguntar na prova?
Dr. Freud: Já disse para não se preocupar com a prova, ok?
Diofanto: Tá, então, o que é física?
Dr. Freud: Bem, não existe uma definição clara para isso, vamos entender durante o curso ok?
Diofanto: Como assim não existe uma “definição clara”, se nem você sabe, como é que eu vou saber?
Dr, Freud: Não vamos perder a perspectiva aqui ok? O que quero dar a você é uma visão panorâmica do que é física, entendeu?
Diofanto: Só entendi, blá, blá, blá panorâmica e blá blá blá, professor posso ir ao banheiro?
Dr, freud: Mas, apenas começamos a aula!!!!!
Diofanto: Eu sei, mas com esse blá blá blá, sei que não vou aguentar até o final.
Dr,. Freud: Tá, pode ir ao banheiro........ Meu Deus eu já estou exausto e nem comecei minha aula ainda......
(O aluno sai enquanto isso e depois volta e senta na banca de qualquer modo)
Dr. Freud: Ok, então vamos começar com a lógica, vamos supor que eu diga que 2 + 2 = 5.
Diofanto: Aí você vai estar errado, pois 2 + 2 é igual a 4 e não a 5
Dr. Freud: Eu disse vamos supor.
Diofanto: Você pode supor o que quiser mas eu aprendi que é igual a 4, você já vai me dizer que tenho que colocar na prova que é igual a 5, olha que eu chamo o diretor aqui, chamo meus pais, chamo até meu advogado, pois o que eu tenho é um professor que parece mais um doido.
Dr. Freud: Bem, seus pais vão ficar do seu lado, a direção vai querer saber o que está acontecendo, e seu advogado vai querer que sejam mais que 10 pois 6 são devido a seus honorários etc. Mas, o caso não é esse, o caso é que eu quero partir de uma premissa falsa para chegar numa conclusão falsa também, se eu assumo que 2 + 2 é igual a 5 posso concluir que o dobro de 2 + 2 é igual a 10, entendeu? Partindo de uma premissa falsa eu posso chegar a uma conclusão também falsa, é isso que quero dizer.
(Aluno levanta a mão)
Dr. Freud: Sim, Diofanto pode perguntar.
Diofanto: Posso perguntar qualquer coisa?
Dr, Freud: Pode perguntar qualquer coisa no mundo inteiro, o que vem à sua cabeça?
Diofanto: Premissa é uma coisa errada?
Dr. Freud: Não necessariamente, você pode partir de uma premissa falsa ou verdadeira, mas se partir de uma premissa falsa, tudo que vier depois dela é considerada verdadeira.
Diofanto: Então, premissa pode ser qualquer coisa, pode ser qualquer afirmação inicial.
Dr. Freud: SIM ISSO MESMO
Diofanto: (falando baixinho para si) E eu que achava que premissa era quando a gente esperava pelo padre.
Dr. Freud: Não, premissa é uma afirmação inicial que você considera verdadeira para que daí possa tirar outras conclusões que podem ser falsas ou verdadeiras, ok? Continuando.
(Diofanto se mexe na cadeira se sentindo desconfortável)
Dr. Freud: Tá, vamos começar por teorema e postulado, ok? Teorema é uma afirmação que se faz deduzida de outras já aceitas anteriormente.
Dioanto: E eu posso me recusar a aceitar a primeira afirmação?
Dr. Freud: Pode e até em certo sentido deve. Por exemplo, pela geometria euclidiana é afirmado que por um ponto fora de uma reta só se pode traçar uma única paralela a esta. E esta proposição, que Euclides não demonstrou, serviu para construir toda a geometria euclidiana que você vai estudar no ensino médio, entendeu?
Diofanto: Com todo respeito professor, vou estudar uma coisa que não foi provada, que não pode ser provada, que alguém falou e disse que era verdade, e daí vou estudar tudo a respeito mesmo sem saber que a “premissa” era verdadeira?????
Dr. Freud: ISSO!!!!
Diofanto: Você só pode estar doido, então quer dizer que eu, euzinho, euzinho mesmo, posso postular que a premissa que Euclides fez estava desde o começo errada? E que tudo que vou estudar veio da ideia de uma cabeça muito doida........ professor com todo respeito você pode me mostrar como por um ponto fora de uma reta eu posso passar várias outras retas que na verdade nunca se encontram com a primeira?
Dr Freud: Claro, pode sim, por exemplo, num espaço curvo, postulado pela teoria da relatividade e colocada em primeiro lugar pelo russo Nicolai Lobachevsky num espaço hiperbólico, por um ponto fora de uma reta pode-se traçar várias retas que nunca se tocam com a primeira, isso se chama espaço não-euclidiano e se você pensar direitinho, num espaço tridimensional também, como esse fio, representando uma reta, que passa por esse ponto e que nunca toca na reta e também que a soma dos ângulos internos de um triângulo pode muito bem ser menor que 180º num espaço curvo ou hiperbólico. O que prova que Euclides nunca pode provar seu postulado, apenas disse e a partir dele foi construída toda geometria que você vai estudar, entendeu?
Diofanto: Ahhhhhhhhhhhhhh, peraí peraí peraí, quer dizer que vou estudar um assunto, que um doido inventou, disse que era verdade, não provou, que todo mundo aceitou como verdade, que pode estar errado desde o princípio e ainda assim vai cair na prova!!!!!!!
Dr. Freud: SIM, ISSO MESMO, VOCÊ ESTÁ COBERTO DE RAZÃO!!!!!!!!
Diofanto: Você só pode estar brincando com minha cara!!!!!!! Pra quê, cargas d’água eu vou estudar algo que pode estar errado desde, como você fala, sua premissa, não é a mesma coisa de partir do suposto que 2 + 2 é igual a 5 e todo mundo aceitar?
Dr. Freud: É!
Diofanto: Professor, me desculpe mas com essa eu vou embora, chega, é muita doideira para mim, não vou perder meu tempo estudando algo que pode estar errado.
Dr. Freud: Tá tudo bem, e se eu lhe disser que partindo da premissa ou postulado de Euclides, pudemos construir tudo que você vê à sua volta? Prédios, foguetes, carros para passear com as garotas........
Diofanto: Você falou passear com as garotas? (sorriso meio irônico)
Dr. Freud: sim.
(Diofanto volta a se sentar)
Diofanto: Ahhhhhhhhhh, agora sim toda essa besteira que você falou até agora, sabe que faz algum sentido?
Dr. Freud: Tá bom, vamos falar de Física agora, ok? Em física partimos de princípios.
Diofanto: e os princípios sempre estão certos?
Dr. Freud: Não.
Diofanto: Então, podem ser mudados para ficarem certos, correto?
Dr. Freud: Podem ser mudados sim, mas nunca podemos afirmar com certeza absoluta que estão corretos, entendeu?
Diofanto: Professor, sabe o que entendi até agora? É que ninguém sabe de nada, parte de afirmações que não podem ser provadas e chegam a conclusões que sempre podem ser contestadas, é isso?
Dr. Freud: ISSO!!!
Diofanto: Você só pode estar maluco, quer dizer então que você fala uma coisa em sala de aula e eu posso contestar?
Dr. Freud: ISSO?
Diofanto: Professor, só uma pergunta, isso pode cair na prova?
Dr. Freud: Sim, lógico que pode.
Diofanto: Mas, a lógica só pode ser verdadeira se a premissa for verdadeira, concorda?
Dr. Freud: Concordo, Isso mesmo!
Diofanto: Só uma coisa: se a premissa pode ser contestada, uma vez que algumas senão todas não podem ser provadas, a lógica me diz que qualquer resposta que eu dê pode estar certa ou errada, pela “lógica” (fala ironicamente)
Dr. Freud: De fato, mas para conhecermos o mundo temos que assumir que certas afirmações são verdadeiras, ou seja, que certas premissas são verdadeiras para chegarmos a algumas conclusões e até mesmo deduções que fazem com que possamos interagir com o mundo, possamos criar máquinas, possamos estabelecer parâmetros. Por exemplo, na física, diferentemente da matemática, não existe medida correta. Na matemática 2 é igual a 2,0, já na física como se trata de uma dedução, ou melhor de uma medição, 2,0 é uma medida mais precisa que 2, entendeu, podemos dizer que para medir alguma coisa é melhor medir com algo que tenha uma precisão melhor e sempre temos dúvidas no último algarismos da medição, por isso 2 é diferente de 2,0 na física. Mas, esse não é o ponto, vamos aprender sobre medições e como elas não são exatas e sim aproximadas mais pra frente, ok?
(enquanto isso Diofanto começa a contar bolas de gude que coloca num balde)
Diofanto: Então, quer dizer professor que a quantidade de bolas de gude que coloquei nesse balde não pode ser dita que é igual a dez? Por que eu coloquei dez, tenho certeza disso, não coloquei 10,0, mas tenho certeza que não são 10,1. ISSO É FÍSICA?
Dr. Freud: No princípio da contagem os números são exatos e não medidos.
Diofanto: quer dizer que eu coloquei “exatamente” 10 bolas de gude?
Dr. Freud: Sim você colocou “exatamente” 10 bolas de gude, satisfeito?
Diofanto: E se uma bola de gude for maior do que outra, mesmo assim coloquei 10?
Dr. Freud: Colocou 10 se você chamar todas de bolas de gude, ok? Na contagem os números são exatos mas nas medidas, por exemplo, o comprimento dessa sala, caso eu peça para dois alunos diferentes medirem vão encontrar medidas diferentes.
Diofanto: Ahhhhhhhhh isso eu quero ver.
(Então Dr Freud pede para dois alunos medirem o tamanho da sala com uma trena e guardem os valores para si e depois cada um revela a sua medição)
(Como previsto as medições mostram valores diferentes e portanto.......)
Dr Freud: Então como ia dizendo, na física tudo é uma questão de probabilidade, não existem certezas absolutas, por exemplo, posso pedir que cada aluno aqui digite aleatoriamente 20 caracteres em seus celulares, você sabe que a probabilidade de um deles escrever as 20 palavras da bíblia é possível mas altamente improvável, mesmo assim é possível. Na física trabalhamos com o que é mais provável e não com o que é “possível”. Vou dar um outro exemplo, existem menos de 365 alunos nessa sala, portanto é possível que todos aniversariam em datas diferentes, mas é, estatisticamente, muito improvável, quer ver?
(Começa-se a solicitar a data de aniversário de cada aluno e orienta-se que se alguém aniversaria no mesmo dia se manifeste – esperando que alguém se manifeste, o professor diz: ahah)
Diofanto: Ahhhhhhhhhhhh, quer saber, tá bom, tá bom, tá bom. Que horas começa nossa aula?
Dr. Freud: Nossa aula?
Diofanto: Sim, nossa aula, quando você vai me dizer o que é certo e o que é errado e lógico, o que vai cair na prova, e como eu devo responder para você colocar um 10 que eu mereço.
Dr. Freud: Mas, nossa aula já começou desde o momento que eu falei que o teorema é uma proposição deduzida de outras já aceitas anteriormente e um postulado não é um teorema pois é uma afirmação que deve ser aceita como verdadeira, para começarmos nossa aula. Entendeu?
Diofanto: Professor, quer saber? Só o que eu entendi até agora é que você vai falar um monte de coisa que diz que eu posso contestar mas que quando cair na prova, diga-me se estou errado, vou responder o que o senhor quer, e se eu ousar contestar você vai me colocar um zero!!!!! É isso que entendi até agora, diga se seu estou errado.
Dr. Freud: Bem, sim e não. Sim, você pode contestar sempre, mas não, não pode contestar se eu partir da afirmação: segundo a geometria de Euclides...... então você deve aceitar que estou falando num conceito postulado por Euclides e não pode ser contestado, pois caso contrário, acabaria com todo nosso curso de geometria euclidiana, entendeu?
Diofanto: Ahhhhhhhhhh isso sim seria um alívio.
Dr. Freud: Bem, continuando..... Em física ao invés de postulados, vamos começar por princípios, que basicamente é a mesma coisa, uma afirmação que não pode ser contestada que que assumimos como verdadeira para iniciar todo o curso que vamos dar, pelo menos na física clássica.
Diofanto: Só isso?
Dr. Freud: Não tem mais, tem o conceito primitivo que é um conceito que todo mundo entende e até de certa forma sabe o que é mas não pode ser definido, então ninguém na realidade sabe o que é, por exemplo: carga elétrica, massa, energia. Sabemos o que é, usamos e lidamos com ela, mas ninguém tem como definir, nem mesmo algumas de suas características, por exemplo por que massa atrai massa, porque o positivo atrai o negativo e porque massa e energia são a mesma coisa em certo sentido.
Diofanto: Pera pera pera pera peraiiiiiiiiiiiiii professor, quer dizer que você vai me ensinar algo que você não sabe o que é?
Dr. Freud: Isso mesmo, acertou em cheio, não é uma maravilha? Vamos tentar descobrir junto.
Diofanto: Ai que saudade da minha aula que o professor me ensinava uma regrinha, dizia que ia cair na prova, me dizia como eu deveria responder, eu acertava, tirava 10, mesmo sem saber o que estava escrevendo, eita que o melhor é não entender nada, mas decorar e tirar 10, do que ter um professor doido desse que diz que nada é o que parece, que nada pode ser medido, que afirmações de Euclides ou qualquer outro cientista babaca desse podem ser refutadas, eu só quero saber quando chegar a prova, pois esse professor não ensinou nada até agora, nada, nada, nada, absolutamente nada. A única coisa que ele ensinou é que nada pode ser afirmado com certeza, é isso, chega, basta, vou chamar o diretor, vamos dar um jeito nesse professor maluco que temos na escola que não ensina o que devemos colocar na prova e só fala besteira, como as “premissas” podem ser contestadas mas devem ser aceitas para fazermos o curso, isso é conversa de doido e com doido não se discute, vou chamar o diretor, vou chamar meus pais, vou chamar meus advogados, vou chamar até o cachorro da esquina se for o caso, pois contra esse doido de professor, qualquer pessoa vai estar ao meu lado e vou voltar a decorar o que responder na prova, isso sim é estudar, mesmo que depois esqueça tudo, que se dane, quero aprender e não entender. Vocês estão entendendo??? (virando-se para a plateia) Então, que venha o diretor para tirar esse doido da minha vida!!!!! (E sai para buscar ajuda com o diretor da escola)
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