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segunda-feira, 7 de julho de 2014

Entenda mais como aconteceu a Revolução Francesa



A Revolução Francesa é um movimento social e político que transforma profundamente a França de 1789 a 1799. Sob o lema "Liberdade, Igualdade e Fraternidade", a burguesia revolta-se contra a monarquia absolutista e, com o apoio popular, toma o poder, instaurando a I República. Os revolucionários acabam com os privilégios da nobreza e do clero e livram-se das instituições feudais do antigo regime.


No fim do século XVIII, a sociedade divide-se em três Estados. Cerca de 98% da população pertence ao Terceiro Estado: são grandes e pequenos burgueses, trabalhadores urbanos e milhares de camponeses. Com os pesados impostos, eles sustentam o rei absolutista Luís XVI, o clero (Primeiro Estado) e a nobreza (Segundo Estado). A burguesia detém o poder econômico, mas perde as disputas políticas que trava com o clero e a nobreza.
A partir de 1786, a França enfrenta dificuldades econômicas como a crise da indústria, uma seca que reduz a produção de alimentos, além de um endividamento crescente. Em 1788, o rei, pressionado, convoca a Assembleia dos Estados Gerais. Os Estados Gerais começam seus trabalhos em maio de 1789. Em junho a disposição de liquidar o absolutismo e realizar reformas leva a bancada do Terceiro Estado a se proclamar Assembleia Nacional Constituinte. A população se envolve e as revoltas em Paris e no interior, causada; pelo aumento do preço do pão, resultam na Tomada da Bastilha (prisão que simbolizava o poder monárquico), em 14 de julho marco da Revolução.

Grande parte da nobreza foge do país. Em agosto de 1789, a Constituinte anula os direitos feudais ainda existentes e aprova a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
Em setembro de 1791 é finalizada a Constituição, que conserva a monarquia, mas institui a divisão do poder (Executivo, Legislativo e Judiciário), proclama a igualdade civil e confisca os bens da Igreja. A unidade inicial do Terceiro Estado contra o antigo regime dá lugar a uma complexa composição partidária, que evolui conforme os vários momentos da revolução. Os girondinos, que se sentam à direita do plenário, representam a alta burguesia, são mais conservadores e combatem a ascensão dos sans-culottes (o povo). Os jacobinos, representam a pequena e média burguesia e buscam ampliar a participação popular no governo. Os deputados do centro, que oscilam entre jacobinos e girondinos, são maioria e recebem o apelido de grupo do pântano. Em abril de 1792, os monarquistas patrocinam a declaração de guerra à Áustria, como possibilidade de voltar ao poder. Austríacos e prussianos invadem a França com o apoio do lá refugiado Luís XVI, mas são derrotados pelos populares. 

Os jacobinos, liderados por Robespierre, Jean Paul Marat (1743-1793) e Georges-Jacques Danton (1759-1794), assumem o governo. Formam as guardas nacionais e radicalizam a oposição aos nobres, considerados traidores. Em setembro, o povo invade as prisões e promove execução em massa.
Forma-se nova Assembleia, a Convenção, entre 1792 e 1795, para preparar outra Constituição. Os girondinos perdem força, e a maioria fica com os jacobinos, liderados por Robespierre e Louis de Saint-Just (1767-1794). Os montanheses, uma facção dos jacobinos, proclamam a República em 20 de setembro de 1792. Luís XVI é guilhotinado em janeiro de 1793. Começa o Período do Terror, que dura de junho de 1793 a julho de 1794. Sob o comando ditatorial de Robespierre, é criado o Tribunal Revolucionário, encarregado de prender e julgar os traidores. Em 49 dias, cerca de 1,4 mil pessoas são guilhotinadas, incluindo jacobinos acusados de conspiração, como Danton e o jornalista Desmoulins (1760-1794). 

Os membros da Convenção acabam se voltando contra o ditador, e Robespierre é preso e executado. Assim, chega ao fim a supremacia jacobina. Os girondinos, em aliança com o grupo do pântano, instalam no poder a alta burguesia.
Os clubes jacobinos são fechados, e uma nova Constituição é redigida, instituindo outro governo, o Diretório (1795-1799), que consolida as aspirações da burguesia. Nesse período, o país sofre ameaças externas. Em defesa de seus interesses, a burguesia entrega o poder a Napoleão Bonaparte.
Mesmo com a queda do Império Napoleónico, em 1815, e a ameaça de restauração monárquica pelas potências europeias vencedoras, a burguesia retoma o controle do governo francês em 1830, permanecendo o Estado burguês construído por Napoleão.

Para muitos historiadores, a Revolução Francesa é o auge de um amplo movimento revolucionário que consolida uma sociedade capitalista, liberal e burguesa. Atinge outros países, como a Inglaterra e os Estados Unidos, e chega à França com maior violência e ideais mais bem delineados. Os movimentos pela independência da América Espanhola também são reflexo dessas transformações.

                                                     
                                                            


MAXIMILIEN DE ROBESPIERRE 
Figura central na Revolução Francesa, Maximilien François Marie Isidore de Robespierre forma-se em direito e logo começa a fazer carreira política. Destaca-se pela firmeza e pela forma radical como defende suas ideias, influenciadas pelo iluminista Jean-Jacques Rousseau. Advoga plataformas revolucionárias para a época, como o voto universal, eleições diretas, educação gratuita e obrigatória e imposto progressivo segundo a renda. É um dos fundadores do partido jacobino. Torna-se o principal dirigente do Comité de Salvação Pública durante o Período do Terror. Em julho de 1794 é vencido e preso pelos dissidentes. Na prisão, tenta se suicidar, mas morre guilhotinado, meses depois. Assim, fecha-se o período jacobino da revolução.
La Marseillaise
La Marseillaise (A Marselhesa, em português) é o hino nacional da França. Foi composto pelo oficial Claude Joseph Rouget de Lisle em 1792, da divisão de Estrasburgo, como canção revolucionária. A canção adquiriu grande popularidade durante a Revolução Francesa, especialmente entre as unidades do exército de Marselha, ficando conhecida como A Marselhesa.

Seu título era originalmente Canto de Guerra para o Exército do Reno. O hino foi composto por Rouget de Lisle, oficial do exército francês e músico autodidata, a pedido do prefeito de Estrasburgo, Philippe-Frédéric de Dietrich, dias depois da declaração de guerra ao imperador da Áustria, em 25 de abril de 1792. O canto deveria ser um estímulo para encorajar os soldados no combate de fronteira, na região do rio Reno.

A canção obteve sucesso imediato e em pouco tempo, por intermédio de viajantes, chegou à Provença, no sudeste da França. Um mês depois, a canção chegava a Paris com os soldados federados marselheses, que a cantaram durante todo o percurso. Desde então, passou a ser associada à cidade de Marselha. No dia 4 de agosto o jornal La Chronique de Paris evocou o canto dos marselheses, e seis dias depois ele seria entoado durante a famosa tomada do Palácio das Tulherias.

Em 20 de setembro de 1792, o exército revolucionário, comandado pelo general Dumouriez, venceu a Batalha de Valmy, travada contra a nobreza francesa e seus aliados austríacos e prussianos, que tentavam derrubar o regime instaurado em 1789. Na ocasião, Servan de Gerbey, ministro da Guerra da França, escreveu a Dumouriez: "O hino conhecido pelo nome de La Marseillaise é o Te Deum da República".

Em 1795, foi instituída pela Convenção como hino nacional.
Napoleão Bonaparte baniu A Marselhesa durante o império, assim como Luís XVIII na segunda restauração, devido ao seu caráter revolucionário. A revolução de 1830 restabeleceu-lhe o status de hino nacional, sendo inclusive reorquestrada por Hector Berlioz na década de 1830. Entretanto, Napoleão III tornaria a banir a canção até que, em 1879, com a instauração da III República, a canção foi definitivamente confirmada como o hino nacional francês, ato esse reafirmado nas constituições de 1946 e 1958.

Em 1881, o militante anticlerical Leo Taxil escreveu uma música em defesa da laicidade e da democracia liberal na França. A música usava a melodia de A Marselhesa e, por conta disso, ficou conhecida como A Marselhesa Anticlerical.

Não se sabe se Claude Joseph Rouget de Lisle, o autor de A Marselhesa, se inspirou, de algum modo, no primeiro andamento do Concerto n.º 25, em C major (K. 503) de Wolfgang Amadeus Mozart, datado de 1786, para realizar a melodia de A Marselhesa, porque, na verdade, existem algumas ressonâncias.

Mais tarde, em 1812, com base em A Marselhesa, Piotr Ilitch Tchaikovsky escreveu uma peça orquestral a Abertura 1812 para comemorar a vitória russa sobre Napoleão, fazendo sobressair musicalmente os temas de música russa tradicional à melodia de A Marselhesa com o intuito de mostrar precisamente essa vitória.


Forte abraço,
                                                     Sergio Torres

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