Há pelo menos seis décadas a humanidade tem à
sua frente o problema de um lixo nuclear crescente, que permanece sem
solução definitiva. Desde que as primeiras experiências com a energia
nuclear foram realizadas, os países detentores dessa tecnologia têm
desenvolvido métodos para lidar com os rejeitos radioativos de alta
atividade, que demorarão séculos, milênios ou até milhões de anos para
deixarem de ser nocivos ao homem e à natureza.
O Brasil também enfrenta esse problema desde que realizou as
primeiras reações nucleares em 1982, na usina de Angra 1. O lixo
radioativo foi o tema dos debates da conferência de 2014 da Agência
Internacional de Energia Atômica (AIEA), braço da Organização das Nações
Unidas (ONU) voltado para promover e controlar o uso pacífico da
energia nuclear no mundo, com sede em Viena, na Áustria.
O
material nuclear cresceu muito nos últimos anos. Se um país considera
usar essa tecnologia, deve pensar também o que fazer com o que resta
dela desde o primeiro instante”, afirmou o diretor-geral da AIEA, Yukiya
Amano, ao abrir o encontro anual da agência. Mas não são apenas
rejeitos provenientes de usinas nucleares que representam perigo se não
forem tratados e depositados adequadamente. O lixo resultante de outras
aplicações da radiação nuclear, como o usado em equipamentos em
hospitais, na indústria e na agricultura, também requerem cuidados. No
Brasil, ocorreu um dos mais graves acidentes da história com lixo
nuclear quando, em 1987, houve negligência no descarte de equipamentos
com material radioativo em um hospital, e os resíduos foram manipulados e
espalhados por catadores de sucata. Em decorrência, ao menos 621
pessoas foram contaminadas pela exposição ao Césio-137 em Goiânia,
capital de Goiás.
Tudo começou quando dois sucateiros encontraram – sem saber o
que era – uma cápsula de Césio-137 abandonada nas antigas dependências
do Instituto Goiano de Radioterapia. O material, transportado até a casa
de um deles, foi parcialmente aberto. Dias depois, foi vendido ao dono
de um ferro-velho, que terminou de violar a cápsula. Amigos e parentes
do homem se impressionaram com o brilho azul da substância radioativa e o
material foi manuseado por várias pessoas.
Nos dias que se seguiram, os que tiveram contato com o pó
começaram a apresentar sintomas de contaminação, e exames constataram a
radioatividade. A região do ferro-velho foi então isolada pela Comissão
Nacional de Energia Nuclear (Cnen). A radiação atingiu um raio de 2.000
metros quadrados e matou quatro pessoas imediatamente. Somente em 1996
quatro médicos e um físico foram condenados a prestar serviços sociais
como punição por terem deixado o material radioativo misturado no lixo
comum.
Discute-se a segurança dos resíduos nucleares, assim como das
usinas, desde a implantação das primeiras unidades, na década de 1950,
nos Estados Unidos e na extinta União Soviética (1917-1991). Os riscos
de acidente numa usina, mesmo que pequenos, podem trazer consequências
extremamente sérias: o vazamento de radioatividade pode contaminar o
solo e a água e trazer efeitos muito danosos não apenas aos
ecossistemas, mas também à saúde dos animais e de seres humanos. Até
hoje não existem sistemas de funcionamento de usinas nem de descarte ou
reutilização dos resíduos radioativos produzidos por elas que sejam
totalmente seguros.
As críticas aos programas de energia baseados na liberação de
força a partir da ruptura dos átomos são reforçadas por eventos
trágicos, como o grave acidente na usina nuclear de Fukushima,
no Japão, provocado pelo terremoto e pelo tsunami de 11 de março de
2011. Foi o pior acidente do gênero desde a explosão do reator da usina
de Chernobyl,
na Ucrânia – então parte da União Soviética –, em 1986. Depois do
desastre no Japão, o governo da Alemanha anunciou a intenção de
desligar, até 2022, os seus 17 reatores nucleares, que fornecem quase
18% da energia elétrica do país, e substituí-los por outras fontes de
energia. Trata-se de uma mudança de rota, numa época em que construir
mais reatores nucleares é uma possibilidade indicada, dentro das
discussões do aquecimento global, como uma solução de energia limpa para
países como Índia e China, que precisarão produzir muito mais energia
no futuro do que agora.
Enquanto a Alemanha discute a desativação das usinas atômicas, o
Brasil retoma a construção da usina de Angra 3. Será o terceiro grande
empreendimento de geração de energia nuclear no país. Antes prevista
para entrar em funcionamento em 2015, a nova meta agora é 2018.
Radioatividade em alta
No mundo todo, existem mais de 430 usinas nucleares (duas
delas no Brasil), e muitas outras estão em processo de construção. A
energia nuclear é atualmente responsável por 1,5% da energia produzida
no Brasil, e representa 5,1% de toda a energia produzida no planeta.
Porém, em alguns países da Europa e da Ásia, a fissão de átomos de
elementos radioativos, como urânio e plutônio, é a principal fonte de
geração da eletricidade que mantém os lares iluminados, as máquinas
funcionando e os sistemas de transporte urbano em atividade. Na França,
as usinas nucleares respondem por mais de 76% da eletricidade, e na
Ucrânia, por 48%.
Nesses países, a opção pelo uso da energia nuclear tem ao menos três razões. A primeira é que possuem poucas fontes de energia, como petróleo e usinas hidrelétricas. A segunda é a eficiência da energia nuclear: um volume muito grande de energia é gerado por uma pequena porção de material radioativo. Por fim, a terceira razão é o fato de essa ser considerada uma fonte limpa – ou seja, a produção e o uso de energia nuclear liberam poucos gases de efeito estufa. Como o combate ao aquecimento global ganhou destaque nas últimas duas décadas, a energia nuclear havia recuperado prestígio. Mas aqui vale um porém: organizações ambientalistas afirmam que essa fonte não é tão limpa assim. De acordo com o Greenpeace, embora os reatores não emitam carbono, a construção das usinas, a extração do minério e o descarte do lixo radioativo produzem mais emissões do que outras fontes.
Tenha aula pelo skype
fisicaseculo21
24h/dia de suporte
Forte abraço,
prof. Sérgio Torres
#sergiorbtorres
Nesses países, a opção pelo uso da energia nuclear tem ao menos três razões. A primeira é que possuem poucas fontes de energia, como petróleo e usinas hidrelétricas. A segunda é a eficiência da energia nuclear: um volume muito grande de energia é gerado por uma pequena porção de material radioativo. Por fim, a terceira razão é o fato de essa ser considerada uma fonte limpa – ou seja, a produção e o uso de energia nuclear liberam poucos gases de efeito estufa. Como o combate ao aquecimento global ganhou destaque nas últimas duas décadas, a energia nuclear havia recuperado prestígio. Mas aqui vale um porém: organizações ambientalistas afirmam que essa fonte não é tão limpa assim. De acordo com o Greenpeace, embora os reatores não emitam carbono, a construção das usinas, a extração do minério e o descarte do lixo radioativo produzem mais emissões do que outras fontes.
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