GEORGE ORWELL O escritor inglês denuncia o estado totalitário
no romance 1984 (Big Brother)- Crédito:
BETTMANN/CORBIS
LIVRO DOS MORTOS - Os papiros do Egito Antigo são um dos primeiros escritos
Crédito:
REPRODUÇÃO
Durante séculos de civilização, muitas histórias foram sendo
transmitidas oralmente, o que torna difícil estabelecer qual a obra
literária mais antiga do mundo. Entre as primeiras manifestações
escritas está o Livro dos Mortos(em egípcio antigo, Livro de Sair para a Luz),
designação dada a uma coletânea de rolos de papiros do antigo Egito
datada do século X a.C., época do Império Novo,que se encerra em 1160
a.C. A obra, que recolhe textos mais antigos, pertencentes aoLivro das Pirâmides(Império Antigo) e aoLivro dos Sarcófagos(Império Médio), trazia feitiços, fórmulas mágicas e orações destinadas a orientar os mortos em sua jornada. A Epopeia de Gilgamesh,
elaborada no segundo milênio a.C., na região da Mesopotâmia, é
considerada o mais antigo texto literário que chegou aos nossos dias.
Epopeias (séculos VIII a.C.-II a.C.)
Duas das obras mais antigas conhecidas no Ocidente são as epopeias Ilíada e Odisseia,
cuja autoria é atribuída ao poeta grego Homero, que narra episódios da
Guerra de Troia e as façanhas dos heróis Aquiles e Ulisses (Odisseu, em
grego). Mais tarde, desenvolvem-se o teatro e a poesia, com nomes como
Ésquilo, Sófocles, Eurípedes e Aristófanes. Esopo fica conhecido por
suas fábulas e Heródoto, por registrar a história da Grécia.
Na Grécia clássica, os textos literários dividiam-se em três gêneros, que representavam as manifestações literárias da época:o épico, centrado na figura do herói; o dramático, destinado à representação cênica, na forma de tragédia ou comédia; e o lírico, centrado na subjetividade dos sentimentos. De acordo com Aristóteles, o primeiro gênero seria a palavra narrada, o segundo, a palavra representada e o terceiro, a palavra cantada.
Literatura romana (séculos I a.C-II d.C.)
Vários modelos literários, como a sátira, se devem à
civilização romana. Entre os escritores desse período, destacam-se a
poesia lírica de Horácio e Ovídio e a poesia épica de Virgílio, autor da
Eneida, além de nomes como Sêneca, Lucrécio, Catulo e Cícero.
Estagnação bárbara (séculos III-X)
Após o esfacelamento do Império Romano, a Europa Ocidental é invadida
por diversos povos bárbaros. A língua latina é preservada em mosteiros,
mas não há desenvolvimento literário. As narrativas voltam a ser
escritas, no Ocidente, a partir do século X. É o caso do poema Beowulf, que chega à Inglaterra em sua forma oral levado por invasores saxões.
Novelas de Cavalaria (século XI)
Depois de longo período de estagnação literária, aparecem as Canções de Gesta, de tradição oral, que contam aventuras de guerra – La Chanson de Roland
é a mais conhecida. As novelas de cavalaria, como as lendas do rei
Artur e do Santo Graal, são os gêneros de destaque na Idade Média.
Trovadorismo (séculos XII-XIV)
O florescimento da poesia palaciana deve-se aos trovadores,
compositores de cantigas dirigidas a uma dama inatingível. Pratica-se
também o gênero satírico, representado pelas cantigas de escárnio
(crítica indireta) e de maldizer (crítica direta).
Humanismo (séculos XIV-XV)
VISÃO DO PARAÍSO - Ilustração de Gustave Doré para A Divina Comédia, de Dante Alighieri
Crédito: REPRODUÇÃO / DEDOC
No fim da Idade Média, as transformações de ordem econômica, política e
social levam ao surgimento de uma concepção humanista de mundo, que põe
o homem como elemento central do pensamento. No Renascimento, a literatura retoma ideais da cultura grega e romana. Na Itália, berço do Renascimento, distinguem-se Dante Alighieri (A Divina Comédia), Giovanni Boccaccio (Decameron) e Francesco Petrarca, considerado o inventor do soneto, poema formado por 14 versos rimados em dois quartetos e dois tercetos.
Classicismo (século XVI)
No teatro, William Shakespeare destaca-se na Inglaterra, com uma
extensa e refinada produção de dramas e comédias. Molière, na França, é
reconhecido como um mestre da comédia satírica. Salientam-se também os
franceses François Rabelais e Michel de Montaigne. Na Espanha, Miguel de
Cervantes faz uma sátira das novelas de cavalaria e funda o romance
moderno com o fidalgo de Dom Quixote de La Mancha.
Barroco (século XVII)
A estética barroca tenta conciliar opostos, como Deus e diabo, bem e
mal, carne e espírito. Na literatura, o conflito traduz-se em figuras de
oposição, bem como no exagero. Na França, a oratória sacra é
representada por Jacques Bossuet. Na Espanha, destacam-se os poetas Luís
de Gôngora e Francisco de Quevedo. Na Inglaterra, os expoentes são os
poetas John Donne e John Milton.
Neoclassicismo (século XVIII)
O neoclassicismo coloca-se contra os excessos do barroco. Reflete a
aversão do espírito iluminista ao obscurantismo religioso do século
anterior. Na França, além de Denis Diderot e D’Alembert, organizadores
da Enciclopédia, distinguem-se Jean-Jacques Rousseau,
Montesquieu e Voltaire. Na Inglaterra, os destaques são os poetas
Alexander Pope e William Blake e os romancistas Daniel Defoe e Jonathan
Swift. Entre 1707 e 1717, surgem as primeiras traduções europeias dos
contos de As Mil e Uma Noites, coletânea de histórias árabes – a obra se tornará um dos clássicos universais.
Romantismo (século XIX)
No romantismo, que predomina na primeira metade do século XIX, faz-se a
apologia da liberdade de criação, com obras de grande subjetivismo. Os
expoentes são os ingleses William Wordsworth e Samuel Taylor Coleridge,
pioneiros do movimento, e os alemães Johann Wolfgang von Goethe,
Friedrich Schiller, Novalis, Hölderlin e Heinrich Heine. No Reino Unido,
destacam-se ainda os poetas Lord Byron, Percy Shelley e John Keats. Na
França, os principais representantes são Victor Hugo, Honoré de Balzac e
Stendhal. Nos Estados Unidos, Edgar Allan Poe aprimora a crítica
literária e sobressai no conto e na poesia.
Realismo (século XIX)
Charles Dickens - Principal Romancista do realismo
britânico no século XIX Crédito:
JereMiah Gurney
Na segunda metade do século XIX, impera o realismo, que busca descrever
a realidade de maneira objetiva. Na França, Gustave Flaubert publica Madame Bovary,
considerado um marco do movimento. Na Inglaterra, destaca-se Charles
Dickens. Os russos Fiodor Dostoievski, Nikolai Gogol e Leon Tolstói
ganham proeminência mundial. Na obra O Romance Experimental, o
francês Émile Zola expõe a teoria do naturalismo, que propõe a
perspectiva científica na literatura. Nessa época, o francês Júlio Verne
escreveu mais de 100 livros e é tido como o fundador do gênero ficção
científica. Vertido em 148 línguas, Verne permanece até hoje como o
autor mais traduzido da história, segundo pesquisa realizada pela
Unesco.
A poesia do período é representada por duas escolas: o parnasianismo e o
simbolismo. O primeiro defende o rigor formal, com nomes como o francês
Théophile Gautier. Já o simbolismo valoriza as sugestões do
subconsciente. O francês Charles Baudelaire é considerado o precursor
dessa estética, na qual se distinguem ainda seus conterrâneos Arthur
Rimbaud, Paul Verlaine e Stéphane Mallarmé.
Ceticismo e renovação (fim do século XIX-1930)
ORIGINALIDADE - Ganhador do Prêmio Nobel em 1949, o norte-americano William Faulkner
Crédito: BIBLIOTECA DO CONGRESSO / EUA
A literatura é marcada por uma descrença nos valores sociais e morais e
pela intensa busca de novos caminhos literários. Em língua inglesa, os
ex-poentes são os irlandeses Oscar Wilde e William Butler Yeats, além do
inglês Thomas Hardy e do norte-americano Henry James. Na Alemanha,
Rainer Maria Rilke e Thomas Mann são os principais nomes. Na França, o
destaque é Paul Valéry e a norte-americana Gertrude Stein, que adotaria
esse país como residência permanente.
Vários autores defendem a liberdade de criação, em uma batalha contra o
formalismo. Nos Estados Unidos, a renovação fica a cargo sobretudo de
E.E. Cummings e Ezra Pound, na poesia, e de Ernest Hemingway e William
Faulkner, no romance. Na Inglaterra, destacam-se T.S. Eliot e Virginia
Woolf. O irlandês James Joyce (Ulisses) consagra-se pelo emprego do monólogo interior. Na França, os expoentes são Marcel Proust (Em Busca do Tempo Perdido)
e o surrea-lista André Breton. Na Rússia, o poeta Vladimir Maiakovski é
a voz da Revolução de 1917. Outro nome importante do início do século
XX é o tcheco Franz Kafka.
Existencialismo (1930-1940)
A corrente filosófica que exerce grande influência é o existencialismo,
na qual se destacam os franceses Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir e
Albert Camus. Na Inglaterra, George Orwell, em 1984, expressa
uma amarga previsão de futuro. Buscando um caminho alternativo ao
pessimismo europeu, a dinamarquesa Isak Dinesen, pseudônimo de Karen
Blixen, aventura-se no continente africano, de onde regressaria com seu
romance mais famoso, -A Fazenda Africana.
Beatniks (década de 1950)
HENRY MILLER - O escritor fez apologia à liberdade sexual em plena era macarthista
Crédito:
LIBRARY OF CONGRESS
Nos Estados Unidos, o movimento beatnik, caracterizado pela revolta contra o status quo
e pelas críticas ao consumismo, tem à frente os poe-tas Allen Ginsberg,
Gregory Corso e Lawrence Ferlinghetti e os prosistas Jack Kerouac e
William Burroughs.O movimento beatnik reverberaria, nos anos seguintes,
em outros movimentos de contestação, como o hippie e o punk. Na mesma
década, marcada nos EUA pela Guerra Fria e pelo movimento macarthista,
Henry Miller choca a crítica com a apologia da liberdade sexual na
trilogia Sexus, Plexus, Nexus. Também por seu conteúdo sexual, o romance Lolita,
do russo Vladimir Nabokov, radicado nos EUA, causa intensa repercussão
na crítica e no público. Outro autor norte-americano que surge nessa
década é J. D. Salinger, autor do cultuado O Apanhador no Campo de Centeio.
Realismo Fantástico (décadas de 1960-1970)
A literatura latino-americana ganha destaque mundial. Expande-se o
realismo fantástico, estilo dos argentinos Jorge Luis Borges, Adolfo
Bioy Casares e Julio Cortázar e do colombiano Gabriel García Márquez,
autor de Cem Anos de Solidão. Outros nomes importantes
vinculados a essa corrente estética são o peruano Mario Vargas Llosa, os
uruguaios Juan Carlos Onetti e Mario Benedetti e os mexicanos Juan
Rulfo, Carlos Fuentes e Octavio Paz, este último poeta e ensaísta.
Surgem nessa época os romances metalinguísticos, que questionam a
natureza da própria ficção. O expoente dessa tendência é o italiano
Italo Calvino.
Romances históricos (década de 1980)
O tipo de romance a um só tempo histórico, fantástico e crítico do português José Saramago ganha repercussão mundial com O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984). Na Itália, Umberto Eco publica outro romance histórico de sucesso, O Nome da Rosa.
Ganham prestígio escritores vindos de ex-colônias ou filhos de
imigrantes, como o indiano Salman Rushdie e o caribenho V. S. Naipaul.
Conflitos como tema (década de 1990)
Entre os destaques da década estão os norte-americanos Philip Roth,
John Updike, Paul Auster, Gore Vidal e Thomas Pynchon. Distinguem-se,
ainda, a sul-africana Nadime Gordimer, que aborda os conflitos raciais
em seu país, o israelense Amós Oz e o chileno Roberto Bolaño. Alguns
autores buscam interpretar a história contemporânea, como o alemão
Günter Grass e os jornalistas norte-americanos Tom Wolfe e Gay Talese.
Contemporâneos (2000-2010)
"50 Tons de Sucesso" - A escritora britânica E.L.James, autora da sério sobe ao topo.
Crédito:
Andrew H. Walker/Getty Images/AFP
Entre as novidades no cenário literário, despontam o escritor inglês
Nick Hornby, o angolano Ondjaki, o moçambicano Mia Couto e o francês
Michel Houellebecq. A década assiste, também, à consagração do turco
Orhan Pamuk, do japonês Haruki Murakami, do sul-africano J. M. Coetzee e
do austríaco Peter Handke. Em 2010, a inglesa J. K. Rowling, autora da
série Harry Potter, recebe o Prêmio Hans Christian Andersen, o principal
para obras infantojuvenis.
Prêmio Nobel de Literatura
Criado em 1901, por testamento do químico e industrial sueco Alfred
Nobel, é concedido anual-mente a um escritor vivo pelo conjunto de sua
obra e inclui generoso valor em dinheiro. Não houve premiação em alguns
anos durante as duas guerras mundiais.A escolha é feita pela Academia
Sueca de Letras. A lista completa de vencedores (veja abaixo) traz algumas das obras publicadas no Brasil de autores premiados a partir de 1990.
Em 2013, foi laureada a escritora canadense Alice Munro. É
a primeira autora de contos a receber o prêmio. Uma das mais premiadas
escritoras do Canadá, Alice Ann Laidlaw nasce em Wingham, área rural do
estado de Ontário, filha de uma professora e de um fazendeiro. Aos 19
anos, publica seu primeiro conto,As Dimensões da Sombra, mas
casa-se pouco depois, adota o nome de casada nas obras seguintes e
muda-se para Vancouver, o que torna seus textos mais conhecidos no país.
Em 1972, divorciada, volta para Ontário, já como autora divulgada por
revistas locais e como autora residente da Universidade de Ontário
Ocidental. Na mesma década, passa a colaborar com a prestigiada revista
norte-americana The New Yorker, o que amplia seu público nos
Estados Unidos ao longo dos anos. Uma das características de sua obra é
centrar-se em espaços e tempos exclusivamente canadenses. No Brasil, tem
publicados recentemente O Amor de Uma Boa Mulher, Felicidade Demais, e Fugitiva.
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Prof. Sérgio Torres