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domingo, 12 de outubro de 2014

LITERATURA O conjunto de trabalhos e movimentos através dos tempos


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                       GEORGE ORWELL O escritor inglês denuncia o estado totalitário 
                       no romance 1984 (Big Brother)- Crédito: BETTMANN/CORBIS 

Literatura é a arte de escrever textos em prosa ou verso. São gêneros da literatura a poesia, épica ou lírica, e a prosa, sob a forma de romance, novela, conto, crônica e texto dramático. Nestas duas páginas, apresentamos um panorama da literatura mundial; nas duas páginas seguintes, abordamos a literatura em língua portuguesa, cuja evolução histórica ocorre no contexto mundial, mas que aqui é separada para uma exposição mais didática.




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LIVRO DOS MORTOS - Os papiros do Egito Antigo são um dos primeiros escritos
Crédito: REPRODUÇÃO 

 Durante séculos de civilização, muitas histórias foram sendo transmitidas oralmente, o que torna difícil estabelecer qual a obra literária mais antiga do mundo. Entre as primeiras manifestações escritas está o Livro dos Mortos(em egípcio antigo, Livro de Sair para a Luz), designação dada a uma coletânea de rolos de papiros do antigo Egito datada do século X a.C., época do Império Novo,que se encerra em 1160 a.C. A obra, que recolhe textos mais antigos, pertencentes aoLivro das Pirâmides(Império Antigo) e aoLivro dos Sarcófagos(Império Médio), trazia feitiços, fórmulas mágicas e orações destinadas a orientar os mortos em sua jornada. A Epopeia de Gilgamesh, elaborada no segundo milênio a.C., na região da Mesopotâmia, é considerada o mais antigo texto literário que chegou aos nossos dias.




Epopeias (séculos VIII a.C.-II a.C.)

Duas das obras mais antigas conhecidas no Ocidente são as epopeias Ilíada e Odisseia, cuja autoria é atribuída ao poeta grego Homero, que narra episódios da Guerra de Troia e as façanhas dos heróis Aquiles e Ulisses (Odisseu, em grego). Mais tarde, desenvolvem-se o teatro e a poesia, com nomes como Ésquilo, Sófocles, Eurípedes e Aristófanes. Esopo fica conhecido por suas fábulas e Heródoto, por registrar a história da Grécia.
Na Grécia clássica, os textos literários dividiam-se em três gêneros, que representavam as manifestações literárias da época:o épico, centrado na figura do herói; o dramático, destinado à representação cênica, na forma de tragédia ou comédia; e o lírico, centrado na subjetividade dos sentimentos. De acordo com Aristóteles, o primeiro gênero seria a palavra narrada, o segundo, a palavra representada e o terceiro, a palavra cantada.





Literatura romana (séculos I a.C-II d.C.)

Vários modelos literários, como a sátira, se devem à civilização romana. Entre os escritores desse período, destacam-se a poesia lírica de Horácio e Ovídio e a poesia épica de Virgílio, autor da Eneida, além de nomes como Sêneca, Lucrécio, Catulo e Cícero.




Estagnação bárbara (séculos III-X)

Após o esfacelamento do Império Romano, a Europa Ocidental é invadida por diversos povos bárbaros. A língua latina é preservada em mosteiros, mas não há desenvolvimento literário. As narrativas voltam a ser escritas, no Ocidente, a partir do século X. É o caso do poema Beowulf, que chega à Inglaterra em sua forma oral levado por invasores saxões.





Novelas de Cavalaria (século XI)

Depois de longo período de estagnação literária, aparecem as Canções de Gesta, de tradição oral, que contam aventuras de guerra – La Chanson de Roland é a mais conhecida. As novelas de cavalaria, como as lendas do rei Artur e do Santo Graal, são os gêneros de destaque na Idade Média.





Trovadorismo (séculos XII-XIV)

O florescimento da poesia palaciana deve-se aos trovadores, compositores de cantigas dirigidas a uma dama inatingível. Pratica-se também o gênero satírico, representado pelas cantigas de escárnio (crítica indireta) e de maldizer (crítica direta).



Humanismo (séculos XIV-XV)

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VISÃO DO PARAÍSO - Ilustração de Gustave Doré para A Divina Comédia, de Dante Alighieri
Crédito: REPRODUÇÃO / DEDOC

No fim da Idade Média, as transformações de ordem econômica, política e social levam ao surgimento de uma concepção humanista de mundo, que põe o homem como elemento central do pensamento. No Renascimento, a literatura retoma ideais da cultura grega e romana. Na Itália, berço do Renascimento, distinguem-se Dante Alighieri (A Divina Comédia), Giovanni Boccaccio (Decameron) e Francesco Petrarca, considerado o inventor do soneto, poema formado por 14 versos rimados em dois quartetos e dois tercetos.




Classicismo (século XVI)

No teatro, William Shakespeare destaca-se na Inglaterra, com uma extensa e refinada produção de dramas e comédias. Molière, na França, é reconhecido como um mestre da comédia satírica. Salientam-se também os franceses François Rabelais e Michel de Montaigne. Na Espanha, Miguel de Cervantes faz uma sátira das novelas de cavalaria e funda o romance moderno com o fidalgo de Dom Quixote de La Mancha.







Barroco (século XVII)

A estética barroca tenta conciliar opostos, como Deus e diabo, bem e mal, carne e espírito. Na literatura, o conflito traduz-se em figuras de oposição, bem como no exagero. Na França, a oratória sacra é representada por Jacques Bossuet. Na Espanha, destacam-se os poetas Luís de Gôngora e Francisco de Quevedo. Na Inglaterra, os expoentes são os poetas John Donne e John Milton.






Neoclassicismo (século XVIII)

O neoclassicismo coloca-se contra os excessos do barroco. Reflete a aversão do espírito iluminista ao obscurantismo religioso do século anterior. Na França, além de Denis Diderot e D’Alembert, organizadores da Enciclopédia, distinguem-se Jean-Jacques Rousseau, Montesquieu e Voltaire. Na Inglaterra, os destaques são os poetas Alexander Pope e William Blake e os romancistas Daniel Defoe e Jonathan Swift. Entre 1707 e 1717, surgem as primeiras traduções europeias dos contos de As Mil e Uma Noites, coletânea de histórias árabes – a obra se tornará um dos clássicos universais.








Romantismo (século XIX)

No romantismo, que predomina na primeira metade do século XIX, faz-se a apologia da liberdade de criação, com obras de grande subjetivismo. Os expoentes são os ingleses William Wordsworth e Samuel Taylor Coleridge, pioneiros do movimento, e os alemães Johann Wolfgang von Goethe, Friedrich Schiller, Novalis, Hölderlin e Heinrich Heine. No Reino Unido, destacam-se ainda os poetas Lord Byron, Percy Shelley e John Keats. Na França, os principais representantes são Victor Hugo, Honoré de Balzac e Stendhal. Nos Estados Unidos, Edgar Allan Poe aprimora a crítica literária e sobressai no conto e na poesia.





Realismo (século XIX)

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                                 Charles Dickens - Principal Romancista do realismo 
                                 britânico no século XIX        Crédito: JereMiah Gurney
 
Na segunda metade do século XIX, impera o realismo, que busca descrever a realidade de maneira objetiva. Na França, Gustave Flaubert publica Madame Bovary, considerado um marco do movimento. Na Inglaterra, destaca-se Charles Dickens. Os russos Fiodor Dostoievski, Nikolai Gogol e Leon Tolstói ganham proeminência mundial. Na obra O Romance Experimental, o francês Émile Zola expõe a teoria do naturalismo, que propõe a perspectiva científica na literatura. Nessa época, o francês Júlio Verne escreveu mais de 100 livros e é tido como o fundador do gênero ficção científica. Vertido em 148 línguas, Verne permanece até hoje como o autor mais traduzido da história, segundo pesquisa realizada pela Unesco.
A poesia do período é representada por duas escolas: o parnasianismo e o simbolismo. O primeiro defende o rigor formal, com nomes como o francês Théophile Gautier. Já o simbolismo valoriza as sugestões do subconsciente. O francês Charles Baudelaire é considerado o precursor dessa estética, na qual se distinguem ainda seus conterrâneos Arthur Rimbaud, Paul Verlaine e Stéphane Mallarmé.




Ceticismo e renovação (fim do século XIX-1930)

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ORIGINALIDADE - Ganhador do Prêmio Nobel em 1949, o norte-americano William Faulkner
Crédito: BIBLIOTECA DO CONGRESSO / EUA
 
A literatura é marcada por uma descrença nos valores sociais e morais e pela intensa busca de novos caminhos literários. Em língua inglesa, os ex-poentes são os irlandeses Oscar Wilde e William Butler Yeats, além do inglês Thomas Hardy e do norte-americano Henry James. Na Alemanha, Rainer Maria Rilke e Thomas Mann são os principais nomes. Na França, o destaque é Paul Valéry e a norte-americana Gertrude Stein, que adotaria esse país como residência permanente.
Vários autores defendem a liberdade de criação, em uma batalha contra o formalismo. Nos Estados Unidos, a renovação fica a cargo sobretudo de E.E. Cummings e Ezra Pound, na poesia, e de Ernest Hemingway e William Faulkner, no romance. Na Inglaterra, destacam-se T.S. Eliot e Virginia Woolf. O irlandês James Joyce (Ulisses) consagra-se pelo emprego do monólogo interior. Na França, os expoentes são Marcel Proust (Em Busca do Tempo Perdido) e o surrea-lista André Breton. Na Rússia, o poeta Vladimir Maiakovski é a voz da Revolução de 1917. Outro nome importante do início do século XX é o tcheco Franz Kafka.




Existencialismo (1930-1940)

A corrente filosófica que exerce grande influência é o existencialismo, na qual se destacam os franceses Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir e Albert Camus. Na Inglaterra, George Orwell, em 1984, expressa uma amarga previsão de futuro. Buscando um caminho alternativo ao pessimismo europeu, a dinamarquesa Isak Dinesen, pseudônimo de Karen Blixen, aventura-se no continente africano, de onde regressaria com seu romance mais famoso, -A Fazenda Africana.




Beatniks (década de 1950)

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HENRY MILLER - O escritor fez apologia à liberdade sexual em plena era macarthista
Crédito: LIBRARY OF CONGRESS
Nos Estados Unidos, o movimento beatnik, caracterizado pela revolta contra o status quo e pelas críticas ao consumismo, tem à frente os poe-tas Allen Ginsberg, Gregory Corso e Lawrence Ferlinghetti e os prosistas Jack Kerouac e William Burroughs.O movimento beatnik reverberaria, nos anos seguintes, em outros movimentos de contestação, como o hippie e o punk. Na mesma década, marcada nos EUA pela Guerra Fria e pelo movimento macarthista, Henry Miller choca a crítica com a apologia da liberdade sexual na trilogia Sexus, Plexus, Nexus. Também por seu conteúdo sexual, o romance Lolita, do russo Vladimir Nabokov, radicado nos EUA, causa intensa repercussão na crítica e no público. Outro autor norte-americano que surge nessa década é J. D. Salinger, autor do cultuado O Apanhador no Campo de Centeio.



Realismo Fantástico (décadas de 1960-1970)

A literatura latino-americana ganha destaque mundial. Expande-se o realismo fantástico, estilo dos argentinos Jorge Luis Borges, Adolfo Bioy Casares e Julio Cortázar e do colombiano Gabriel García Márquez, autor de Cem Anos de Solidão. Outros nomes importantes vinculados a essa corrente estética são o peruano Mario Vargas Llosa, os uruguaios Juan Carlos Onetti e Mario Benedetti e os mexicanos Juan Rulfo, Carlos Fuentes e Octavio Paz, este último poeta e ensaísta. Surgem nessa época os romances metalinguísticos, que questionam a natureza da própria ficção. O expoente dessa tendência é o italiano Italo Calvino.



Romances históricos (década de 1980)

O tipo de romance a um só tempo histórico, fantástico e crítico do português José Saramago ganha repercussão mundial com O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984). Na Itália, Umberto Eco publica outro romance histórico de sucesso, O Nome da Rosa. Ganham prestígio escritores vindos de ex-colônias ou filhos de imigrantes, como o indiano Salman Rushdie e o caribenho V. S. Naipaul.





Conflitos como tema (década de 1990)

Entre os destaques da década estão os norte-americanos Philip Roth, John Updike, Paul Auster, Gore Vidal e Thomas Pynchon. Distinguem-se, ainda, a sul-africana Nadime Gordimer, que aborda os conflitos raciais em seu país, o israelense Amós Oz e o chileno Roberto Bolaño. Alguns autores buscam interpretar a história contemporânea, como o alemão Günter Grass e os jornalistas norte-americanos Tom Wolfe e Gay Talese.



Contemporâneos (2000-2010)

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"50 Tons de Sucesso" -   A escritora britânica E.L.James, autora da sério sobe ao topo.
Crédito: Andrew H. Walker/Getty Images/AFP

Entre as novidades no cenário literário, despontam o escritor inglês Nick Hornby, o angolano Ondjaki, o moçambicano Mia Couto e o francês Michel Houellebecq. A década assiste, também, à consagração do turco Orhan Pamuk, do japonês Haruki Murakami, do sul-africano J. M. Coetzee e do austríaco Peter Handke. Em 2010, a inglesa J. K. Rowling, autora da série Harry Potter, recebe o Prêmio Hans Christian Andersen, o principal para obras infantojuvenis.



Prêmio Nobel de Literatura

Criado em 1901, por testamento do químico e industrial sueco Alfred Nobel, é concedido anual-mente a um escritor vivo pelo conjunto de sua obra e inclui generoso valor em dinheiro. Não houve premiação em alguns anos durante as duas guerras mundiais.A escolha é feita pela Academia Sueca de Letras. A lista completa de vencedores (veja abaixo) traz algumas das obras publicadas no Brasil de autores premiados a partir de 1990.
Em 2013, foi laureada a escritora canadense Alice Munro. É a primeira autora de contos a receber o prêmio. Uma das mais premiadas escritoras do Canadá, Alice Ann Laidlaw nasce em Wingham, área rural do estado de Ontário, filha de uma professora e de um fazendeiro. Aos 19 anos, publica seu primeiro conto,As Dimensões da Sombra, mas casa-se pouco depois, adota o nome de casada nas obras seguintes e muda-se para Vancouver, o que torna seus textos mais conhecidos no país. Em 1972, divorciada, volta para Ontário, já como autora divulgada por revistas locais e como autora residente da Universidade de Ontário Ocidental. Na mesma década, passa a colaborar com a prestigiada revista norte-americana The New Yorker, o que amplia seu público nos Estados Unidos ao longo dos anos. Uma das características de sua obra é centrar-se em espaços e tempos exclusivamente canadenses. No Brasil, tem publicados recentemente O Amor de Uma Boa Mulher, Felicidade Demais, e Fugitiva.





#sergiorbtorres

Forte abraço,

Prof. Sérgio Torres

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Prof. Sérgio Torres