Termo cada vez mais popular para as pessoas, a inteligência artificial passou da tela do cinema para a tela do smartphone no seu bolso. Por mais ficção científica que pareça, a inovação é apontada por especialistas como a grande revolução do século XXI. O físico Stephen Hawking define a inteligência artificial, também chamada de AI, como “a pior ou a melhor coisa que aconteceu com a humanidade”.
Mas o que é, afinal, a inteligência artificial?
De forma objetiva, a inteligência artificial não é algo como Arnold Schwarzenegger perseguindo Sarah Connor em “O Exterminador do Futuro”. O termo é, basicamente, um campo de estudo da ciência da computação que lida com a inteligência similar à humana, só que de um software.
Quem criou e qual a origem da inteligência artificial?
O termo foi criado em 1956, por John McCarthy, em uma conferência no Darmouth College. Na ocasião, McCarthy definiu a AI como “a ciência e a engenharia de produzir máquinas inteligentes“. Antes disso, estudos na área feitos pelo matemático Alan Turing na época da Segunda Guerra Mundial já aqueciam o debate sobre a capacidades das máquinas. Apesar do termo existir há mais de 60 anos, foi somente na última década que avanços significativos foram feitos para que a inteligência artificial se tornasse massificada.
A AI como a conhecemos é novidade, mas a ideia de um ser ou máquina que imita a inteligência humana é antiga. Em 1818, a obra “Frankenstein”, de Mary Shelley, dá vida a um monstro feito de retalhos que acaba se virando contra ele.
A relação entre AI e o livro de Mary Shelley é muito debatida. Charlotte Gordon, da Slate, até listou os erros cometidos por Victor Frankenstein que pesquisadores de AI não podem cometer. São eles: isolar-se, negar a sua criação e viver em uma sociedade pouco preparada.
Quando uma máquina é inteligente?
Matt Mahoney, doutor pela Universidade da Florida Tech, escreveu um artigo sobre o que as máquinas precisam fazer para se tornarem tão inteligente quantos os humanos. Entre as mais de 20 atividades, ele listou algumas como:
– Conversar e responder perguntas de maneira natural;
– Prever palavras;
– Reconhecer que dois textos são do mesmo autor baseado no conteúdo ou estilo;
– Passar em provas de ensino superior em qualquer tema;
– Reconhecer objetos em fotos ou vídeos;
– Reconhecer emoções humanas, expressões faciais, tons de voz e contexto;
Há temores em relação a inteligência artificial?
Muitos. Há dezenas de artigos e livros publicados alertando sobre os perigos da AI e diversos filmes que ajudam a deixar menos abstrata (e mais assustadora) a imagem de robôs tomando o poder e destruindo a humanidade. A ideia de um software capaz de escrever os seus próprios algoritmos (e que os humanos não sabem como ele chegou naquilo) é aterrorizante para cientistas — e para você também, acredite.
Esse medo pode ser explicado pelo Teste de Turing, que testa a capacidade de uma máquina exibir um comportamento inteligente igual a um ser humano, de maneira que se torne indistinguível desse. Até agora, nenhuma máquina passou no teste de maneira indiscutível — há quem diga que o chatbot Eugene Goostman conseguiu passar, mas o fato é negado por especialistas.
Embora haja discordância em relação a quando as máquinas vão passar no teste — há estudos que mostram que os computadores passarão em 2029, enquanto outras dizem que isso só deve ocorrer em 2040 — , é bem provável que a inteligência artificial domine o Teste de Turing nos próximos 50 anos.
Os medos em relação a AI são evidenciados por grandes mentes contemporâneas. Hawking já falou que “o desenvolvimento da inteligência artificial pode ocasionar o fim da raça humana“, enquanto Elon Musk, CEO da Tesla, afirmou que essa tecnologia é a “maior ameaça existencial aos humanos”.
Cientistas estão engajados em tentar compreender como uma máquina pode acabar se virando contra o seu criador, mas para Federico Pistono e Roman Yampolskly, da Universidade de Louisville, em Kentucky, o problema é a falta de interesse em saber como criar uma máquina maligna. Segundo os pesquisadores, especialistas em segurança precisam entender contra o que eles vão lutar e o que vão precisar derrotar caso o pior aconteça.
No entanto, já existem iniciativas que tentam prevenir esse futuro distópico de robôs usando humanos como escravos. A OpenAI, que recebeu investimento de Elon Musk, tem como objetivo “avançar na inteligência digital para que seja benéfica para a humanidade como um todo“.
A inteligência artificial pode ser criativa?
Ninguém duvida da capacidade de somar, dividir, subtrair, identificar padrões e de reconhecer faces da AI. O lado racional dos humanos é imitado pela máquina, mas e o lado criativo e emocional? Um dos grandes dilemas entre os pesquisadores é se a inteligência artificial consegue ser criativa. Enquanto não há consenso, algumas máquinas conseguem até produzir obras de arte, mesmo que sejam baseadas em padrões pré-estabelecidos pelos humanos que programaram o computador.
Pesquisadores do Computer Science Laboratory, da Sony, em Paris, compartilharam em setembro de 2016 duas músicas produzidas com a ajuda de um software chamado Flow Machines. O programa analisa uma base com músicas existentes para “aprender” gêneros musicais e identificar pontos em comum. Depois, ele sintetiza e cria uma música original.
Além das músicas, a AI já foi responsável por criar o roteiro de um curta-metragem de ficção científica. O software usado para criar o texto, chamado de Benjamin, foi alimentado com dezenas de roteiros de ficção científica encontrados online, a grande maioria de filmes dos anos 80 e 90. A tecnologia foi capaz de compreender os textos, prever palavras que apareciam juntas e assim por diante.
Como a inteligência artificial pode impactar nossas vidas?
Quando Hawking disse que a inteligência artificial era a “pior ou melhor invenção” do homem, ele tinha um motivo: a AI vai impactar muito mais do que a nossa saúde e vai ir muito além de colocar robôs inteligentes em nossas casas.
Como mostra a Fast Company, a AI terá um papel importante em modificar o cenário do nosso trabalho, afetando a procura de emprego, especialmente aqueles mais manuais, com ferramentas, até a área de recursos humanos, que poderá apresentar feedbacks mais inteligentes para os seus funcionários.
A tecnologia pode mudar até conceitos mais abstratos: segundo a empreendedora Raya Bidshahri, a maior revolução que ela vai causar é na redefinição do conceito de amor. “Com mais máquinas pensantes se integrando a nossas vidas, devemos esperar uma transformação na forma como definimos o que significa ser consciente; o que significa viver e morrer; e, finalmente, o que significa amar um ser não humano”, disse em artigo na Singularity Hub. A questão, explorada no filme “Her”, é alimentada pelo fato da AI estar evoluindo intelectualmente, segundo Raya.
Outra questão que a inovação pode influenciar e modificar de maneira radical é a religião e o cristianismo. Em texto na The Atlantic, Jonathan Merrit discute o tema. Se a inteligência artificial evoluir a níveis que superem os humanos, há uma possível mudança em um debate que perdura há anos: o do criador e da criatura. Se humanos criam seres tão inteligentes e que são capazes de discutir questões filosóficas, quem será considerado o Deus deles?
Inclusive, uma discussão parecida é mostrada na série “Westworld“, da HBO, em que robôs são fonte de entretenimento para humanos. A partir do momento que eles passam a questionar a realidade, complicações acontecem. E se isso acontecer de verdade?
Em que pé está a inteligência artificial e quais os exemplos?
Crescendo. E de maneira rápida. Uma pesquisa recente coloca a AI como um mercado que vai valer US$ 5 bilhões até 2020. Todos os meses, avanços tornam a área cada vez mais prática e menos teórica.
E você já pode usar a inteligência artificial se quiser. A Forbes listou 10 usos da AI hoje. Entre eles estão a Siri, com a Apple, que é um assistente pessoal capaz de interagir com os humanos e ajudar ao dar informações, marcar eventos na agenda e etc. A Alexa, também assistente pessoal, mas da Amazon, e a Tesla, com seus carros cada vez mais autônomos. Sim, estamos longe de um robô que pretende conquistar o mundo, mas pense na AI de smartphone como um embrião para um possível HAL, o computador de “2001 – Uma Odisséia no Espaço”.
Além desses usos, há cada vez mais testes envolvendo a tecnologia. O DeepMind, inteligência artificial do Google, tem feito parcerias na área médica para conseguir identificar padrões em exames e diagnosticar com precisão algumas doenças. A automação, com a Tesla e várias outras companhias, também faz parte da gama de usos da inteligência artificial.
Como grandes empresas trabalham com inteligência artificial?
A inteligência artificial passou do campo acadêmico para o prático. E cabe a grandes empresas investirem em máquinas e softwares que tentam imitar o cérebro humano de alguma maneira.
A empresa mais famosa no ramo é a IBM, com o supercomputador Watson. A máquina ganhou notoriedade em 2011, quando venceu o programa de perguntas e respostas Jeopardy!, um dos shows mais tradicionais nos Estados Unidos, em 2011.
Desde então, a IBM tem trabalho em diferentes campos com o Watson, com a área médica sendo uma das mais promissoras. Os algoritmos do software da IBM tem sido testado para achar diagnósticos e até salvou a vida de uma mulher com câncer no Japão — o Watson foi capaz de identificar um raro tipo de leucemia ao analisar 20 milhões de artigos de pesquisa. Além do campo de saúde, a IBM também tem trabalhado em áreas como a de carros autônomos.
Google, com o Assistent, Microsoft, com a Cortana, e Apple, com a Siri, incluem seus avanços em AI em aparelhos populares, o que ajuda a disseminar a inteligência artificial entre pessoas que mal sabem o que ela significa.
O que esperar em um futuro próximo?
Segundo um relatório da Stanford University, a inteligência artificial vai melhorar nossa saúde, produtividade e segurança até 2030. A pesquisa é parte do AI100, um projeto que tem como objetivo estudar o tema por 100 anos, com o primeiro relatório divulgado em 2016.
O estudo projeta como estará a tecnologia em uma típica cidade dos Estados Unidos em 2030. Os pesquisadores acreditam que os benefícios da AI serão muito maiores do que se pensa, com máquinas ajudando a dirigir com mais segurança e estendendo a expectativa das pessoas.
De maneira mais objetiva, o estudo aponta que os transportes serão afetados pela autonomia — não só carros, mas drones, caminhões e robôs pessoais. Outra mudança apontada pelo relatório são os robôs de serviços domésticos, que deverão estar em quase todas as casas em 2030. Também se espera que a saúde seja cada vez mais impactada pela coleta e pela interpretação de um grande número de dados que só a inteligência artificial será capaz de fazer.
Forte abraço,
Prof. Sérgio Torres
Siga-me, inscreva-se, assine etc. clicando nas figuras abaixo:
Mais informações contate via SKYPE - contato: fisicaseculo21
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é muito importante
Obrigado
Prof. Sérgio Torres