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quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Será que Plutão é um planeta no final das contas?


Em 19 de janeiro de 2006, um enorme foguete lançou a espaçonave mais veloz da história da exploração espacial em uma longa jornada. O nome dela é New Horizons, e sua missão é visitar Plutão, o nono planeta a contar do Sol. Ou melhor, essa era a missão quando ela deixou a Terra. Porque apenas alguns meses após a partida, em agosto daquele ano, a União Astronômica Internacional (IAU, na sigla em inglês) decidiu que Plutão não devia ser considerado um planeta, mas meramente o membro mais ilustre de uma enorme coleção de objetos que giram ao redor do Sol além da órbita de Netuno. Na melhor das hipóteses, o ex-planeta se encaixaria numa nova categoria criada para representar uma espécie de segunda divisão planetária: a dos planetas anões. “Foi muito triste quando precisamos contar à nave que ela tinha deixado de ser parte de uma missão interplanetária”, disse Mark Sirangelo, vice-presidente de sistemas espaciais da Sierra Nevada, uma das empresas que fornecem tecnologia para a Nasa, durante um encontro com jornalistas em Cabo Canaveral (EUA) – justamente a base de onde a New Horizons foi lançada nove anos antes.
Desde que a IAU rebaixou Plutão, astrônomos, físicos e especialistas de toda ordem participam de um debate acalorado sobre o assunto. A nave começa este mês sua aproximação com o agora planeta anão, e deve passar de raspão por ele no próximo dia 14 de julho, fotografando furiosamente esse mundo enigmático enquanto mergulha ainda mais nas profundezas do espaço.
É provavelmente a última chance que um grupo de cientistas rebeldes terá de reverter o “rebaixamento”, que até hoje dá o que falar. Poderá Plutão voltar a ser aceito na primeira divisão e recuperar o status de nono planeta? É bem improvável, mas ninguém desistiu ainda. “Quem sabe Plutão já não será um planeta de novo quando a New Horizons chegar lá?”, diz Sirangelo. O movimento vem principalmente de astrônomos norte-americanos, numa causa movida em parte por patriotismo. Afinal, Plutão é o único objeto descoberto por um cientista ianque que já foi tido como planeta. O achado foi feito em 1930, pelo astrônomo Clyde Tombaugh, do Observatório Lowell, no Arizona, concretizando a busca por um objeto que até então era chamado apenas de “planeta X” – um suposto mundo além de Netuno que pudesse responder por certas anomalias em sua órbita. Quando Tombaugh encontrou Plutão, não houve muita dúvida de que se tratava do tal.
DÉJÀ-VU ASTRONÔMICO
Passada a euforia da descoberta, os astrônomos logo perceberam que alguma coisa não se encaixava. A órbita daquele mundo era bem diferente da dos outros oito planetas. Mais achatada e num plano diferente, ela chegava a trazer Plutão para mais perto do Sol que Netuno em determinado trecho. Além disso, nas décadas seguintes começou a se cristalizar entre os astrônomos a noção de que deveria haver um cinturão de objetos além da órbita de Netuno que servisse como repositório para os cometas. Essa ideia, defendida em especial pelo holandês Gerard Kuiper, só teve confirmação há relativamente pouco tempo, em 1992, quando foi descoberto o primeiro objeto a residir nessa região do espaço – a mesma faixa do sistema solar em que residia Plutão.
Longe de ser uma surpresa, era um déjà-vu astronômico, reprisando o que já acontecera certa vez no século XIX. Em 1801, o astrônomo italiano Giuseppe Piazzi descobriu o que acreditou ser um novo planeta, orbitando na região entre Marte e Júpiter. O cientista batizou o objeto, com seus mil quilômetros de diâmetro e forma aproximadamente esférica, de Ceres. Aquele pequeno mundo tinha jeito de planeta e órbita de planeta. Devia ser planeta, né? Mas em seguida outros astrônomos começaram a descobrir mais objetos menores na mesma região, e nascia o conceito do cinturão de asteroides. Ceres permaneceu como o maior deles – estima-se hoje que um terço de toda a massa dos objetos do cinturão esteja contido nele.
Plutão seria um caso ainda mais dramático. Depois da descoberta do primeiro objeto do Cinturão de Kuiper, em 1992, os astrônomos começaram a desconfiar que era só uma questão de tempo até que fossem descobertos por ali outros mundos relativamente grandes, que pudessem também ser considerados planetas. Aconteceu em 2005, quando o norte-americano Michael Brown, do Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia), descobriu um objeto que acabou sendo batizado de Éris – não por acaso, uma homenagem à deusa da discórdia. Éris, o objeto, era ligeiramente maior que Plutão.
“Quando comecei a vasculhar os céus, eu estava procurando um décimo planeta”, conta Mike Brown. Mas muitos astrônomos sabiam que as coisas podiam facilmente ir ladeira abaixo caso Éris também ganhasse status planetário. Afinal, estimativas teóricas sugeriam a potencial existência de 100 mil objetos com diâmetro superior a 100 quilômetros no Cinturão de Kuiper, muitos de porte similar ao de Plutão, com seus cerca de 2,3 mil quilômetros de diâmetro. Poderíamos viver num sistema com 100 ou mesmo mil planetas? Dá mesmo para equiparar um gigante como Júpiter a uma bolota de gelo como Éris?

FORA DO CLUBINHO
Em 2006, os astrônomos decidiram que era hora de finalmente criar uma definição oficial de planeta. Pois é, acredite se quiser, mas passamos todos esses anos sem essa definição. Até a descoberta de Éris, o padrão era mais ou menos este: Plutão ou maior, planeta; menor que Plutão, estava fora do clubinho. A oportunidade de aprovar uma definição apareceu na Asssembleia Geral da IAU, que acontece a cada três anos. Em 2006, o evento foi em Praga, capital da República Tcheca.
Logo no primeiro dia, um comitê liderado pelo historiador da ciência Owen Gingerich apresentou sua proposta: seria planeta todo objeto que orbitasse ao redor do Sol e fosse aproximadamente esférico. Segundo essa definição, Plutão seria mantido, e Éris e Ceres entrariam para o grupo, além de pelo menos dois outros objetos do Cinturão de Kuiper. O sistema solar passaria a ter 13 planetas, com outros mais a serem descobertos no futuro.
A definição provisória causou uma gritaria geral. A maioria dos astrônomos achou que o comitê estava forçando a mão só para manter Plutão no jogo. A pressão fez que, durante a reunião, o grupo mudasse sua proposta, a ser votada no último dia. Um critério adicional foi incluído, sugerindo que, para ser planeta, além de girar em torno do Sol e ser esférico, era preciso ter limpado a sua órbita (ou seja, representar sozinho mais de 50% da massa de sua região orbital). Por esse critério, Plutão, Éris e Ceres ficariam de fora. Como prêmio de consolação, os astrônomos também propuseram a criação de uma nova categoria, a dos planetas anões: objetos que atendiam aos dois primeiros requisitos, mas não ao terceiro.
E esta foi a resolução aprovada pela IAU, que segue em vigor até hoje. Mike Brown, que poderia ter sido o descobridor do décimo planeta, ficou feliz com o desfecho. “Era tão empolgante que cientistas e o resto do mundo finalmente tivessem chegado a uma definição sensata do que é um planeta, e a partir dali poderíamos todos explicar o que é um planeta falando de ciência, em vez de simplesmente dizer: ‘Bom, tem sido assim por tanto tempo, vamos manter desse jeito’.”
Mas nem todo mundo ficou feliz. Um dos mais descontentes foi Alan Stern, o cientista-chefe da missão New Horizons. Stern tentava convencer o alto escalão da Nasa a mandar uma espaçonave a Plutão desde 1989 e é considerado um dos maiores especialistas do mundo no sistema plutoniano. Ele estava acompanhando a filha no primeiro dia dela na universidade quando ficou sabendo da decisão da IAU. Mas, se Sirangelo e boa parte dos envolvidos com a missão têm esperança de recuperar o status de Plutão, Stern simplesmente se nega a levar a definição criada em Praga a sério.
Para o cientista, os astrônomos que participaram da votação não eram os profissionais mais qualificados para estar lá: “Quando você precisa fazer uma cirurgia no cérebro, não procura um sujeito especializado em doenças dos pés, ainda que os dois sejam médicos. Nesse caso, eu estudei o tema com muito mais profundidade do que eles, e Plutão definitivamente é um planeta”. O principal argumento de Stern é que mesmo a Terra, se estivesse no lugar de Plutão, não se encaixaria nos critérios porque também não conseguiria limpar sua órbita. Mas será que a IAU ainda pode mudar de ideia antes de julho? “Espero que não. Eles já se envergonharam demais e não têm mais credibilidade nesse assunto.”


Forte abraço,
Prof. Sérgio Torres
Dicas de Física e Super Interessantes


                                                     Sergio Torres

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Prof. Sérgio Torres