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quarta-feira, 3 de junho de 2015

(Ciência - Atualidade) China lançará satélite para investigar matéria escura



O projeto aproveita o enfraquecimento dos Estados Unidos na exploração espacial para colocar os chineses na disputa pelas pesquisas de ponta sobre o cosmo

A China oficializou que lançará o satélite DAMPE (explorador de partículas de matéria escura, na sigla em inglês) no fim deste ano para medir a direção, energia e carga elétrica de partículas que viajam pelo cosmo. A meta é detectar qualquer sinal que comprove a existência, e do que é feita, a misteriosa matéria escura, elemento que, junto com a energia escura, ocupa 95% do universo - parcela que ainda é completamente desconhecida pelas teorias da astrofísica.
A manobra chinesa aproveita um momento de fraqueza dos Estados Unidos, que corta orçamentos e diminui a importância da Nasa, a agência espacial americana, em favor de projetos privados de exploração do espaço.
Com expectativa operacional de três anos, o DAMPE tenta descobrir ao menos algum indício da existência de partículas que comporiam 85% da matéria do universo.


Na escuridão - A matéria escura é uma hipotética substância que não emite radiação eletromagnética suficiente para ser vista por detectores atuais de partículas, mas que os astrofísicos consideram necessária para compor elaborações matemáticas que explicariam o funcionamento do universo. Se ela não existir, ruiriam diversas equações da astrofísica, principalmente as aceitas para explicar as relações gravitacionais entre os corpos celestes.
O satélite DAMPE é dotado dos mais avançados detectores de partículas. É a aposta mais ousada até agora para a detecção da enigmática matéria escura. Caso esse mistério não seja desvendado, porém - se resultar ao menos em um relance de explicação dessas partículas, já colocaria os organizadores do projeto como candidatos a um Nobel -, a iniciativa não será perdida. A Academia Chinesa de Ciências também pretende utilizar a nave para estudar outros fenômenos espaciais, como os raios cósmicos e os raios gama de alta energia.
Confira abaixo os principais projetos espaciais deste ano.

Chegada a Plutão


Plutão ainda não havia sido reclassificado como planeta anão quando a sonda New Horizons (Novos Horizontes, em tradução livre) foi lançada pela Nasa, em 19 de janeiro de 2006, para estudá-lo. A New Horizons chegará ao seu destino em julho e fará as primeiras fotos in loco de Plutão e de Charon, a maior lua desse planeta anão. Esse objeto é tão grande em comparação com Plutão (tem cerca de metade de seu tamanho), que alguns pesquisadores preferem considerá-los como um sistema planetário duplo. "A resolução das imagens da New Horizons serão melhores que as melhores fotos tiradas pelo telescópio Hubble. No momento da maior aproximação, as imagens da New Horizons terão a resolução de uma aproximação de cerca de 100 metros. Assim, objetos do tamanho de uma bola de futebol serão vistos. Pela primeira vez, Plutão e seus satélites serão mostrados em toda a sua complexidade e diversidade e deixarão de ser apenas pontos de luz, que é a forma como os telescópios os veem", diz o astrônomo Hal Weaver, cientista responsável pela missão New Horizons e pesquisador do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos. Em seguida, a New Horizons viajará para uma região do Sistema Solar conhecida como Cinturão de Kuiper, que se estende de Netuno até depois de Plutão. Nesse Cinturão existem diversos planetas anões, mas a área foi até hoje pouco explorada por missões espaciais. Esses pequenos planetas são importantes por tratar-se de relíquias de mais de 4 bilhões de anos. A viagem ao Cinturão de Kuiper, no entanto, está prevista para o período entre 2016 e 2020.


  

Fim da Missão Rosetta e o despertar do Philae


A sonda Rosetta, que liberou o módulo Philae para o pouso no cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko em novembro de 2014, continuará em atividade em 2015. Ela acompanhará a trajetória do cometa rumo ao Sol, registrando a formação de sua cauda e as diferentes densidades da poeira que esse corpo vai liberar conforme se aquece. No plano original da missão, 2015 também seria um ano de trabalho duro para o Philae, o robô dotado de sensores para detectar a composição da atmosfera do cometa, câmeras para imagens de alta resolução e ferramentas para medir a densidade, temperatura e propriedade mecânicas da superfície do 67P. O pouso do Philae, no entanto, não saiu como o planejado. O robô estacionou em um lugar sem luz solar, essencial para recarregar suas baterias, e entrou em modo de hibernação apenas 60 horas depois de aterrissar no 67P. De acordo com a Agência Espacial Europeia (ESA), antes de a bateria acabar, o módulo conseguiu enviar à Terra os dados colhidos na superfície do corpo celeste. A esperança dos cientistas é que, conforme o 67P se aproxime do Sol, o Philae receba mais luz solar e saia do modo de hibernação por volta de março. Se o Philae despertar, os cientistas podem tentar refazer algumas medições que parecem não ter dado certo, como a ferramenta de perfuração. Além disso, os dados já enviados pelo robô ainda estão sendo analisados pelos cientistas, e mais novidades podem estar a caminho. Informações sobre as moléculas orgânicas encontradas no cometa, por exemplo, ainda não foram divulgadas. Até agora, o que se publicou é que a água do 67P não se parece com a da Terra.


  

Gêmeos na Terra e no espaço


Saber os efeitos do espaço sobre o corpo humano é essencial para o planejamento de missões até pontos mais distantes do Universo. Para ajudar nessa pesquisa, dois irmãos gêmeos se voluntariaram e, com ajuda da Nasa, participarão de um estudo inédito. A partir de março, o astronauta Scott Kelly passará um ano no espaço, a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), na missão mais longa já realizada pela Nasa, enquanto seu irmão, o astronauta aposentado Mark Kelly ficará na Terra, para efeitos de comparação. O ambiente em que Mark viverá, é claro, não é exatamente igual às condições da ISS. Mark se recusou, por exemplo, a passar todo esse tempo ingerindo apenas comida de astronauta aqui na Terra. Por isso, os pesquisadores ainda não sabem quais resultados serão obtidos, mas acreditam que a possibilidade de estudar a genética nessas condições pode levar, inclusive, a avanços científicos que beneficiem uma porcentagem maior da população, além dos astronautas.




  

Forte abraço,
Prof. Sérgio Torres
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