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segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

HOJE É DIA DO ESPERANTO - Qual é a origem do esperanto?




A chamada língua universal foi criada por volta de 1887 por Ludwig Lazarus Zamenhof (1859-1917), oculista e filósofo polonês. Sua intenção era gerar maior entendimento entre os povos. Para ele - e os cerca de 100 mil adeptos que hoje falam esperanto no planeta -, a adoção de uma língua única pela humanidadeseria uma solução para a desarmonia entre as nações.
O termo esperanto, significa "aquele que tem esperança" e a pedra angular dessa língua criada artificialmente é o livro Fundamento do Esperanto, que Zamenhof publicou em 1905, apresentando os 15 mil vocábulos básicos - que podem ser combinados para formar novos termos - e sua gramática, mais do que econômica, com apenas dezesseis regras. "A idéia era criar uma forma facilitada de comunicação, um idioma simples, que atravessasse fronteiras e pudesse ser absorvido em pouco tempo. "Infelizmente, línguas artificiais, formadas sem o conhecimento e o sentimento de um povo, ficam com vocabulário restrito e acabam não tendo efeito. Daí a dificuldade em fazer o esperanto se popularizar", diz o lingüista Luiz Augusto Tatit, da Universidade de São Paulo (USP).
O Esperanto é resultado das pesquisas do oftalmologista polonês Lazar Zamenhof, que elaborou o projeto do idioma em razão das ondas de violência racial que presenciara na infância e adolescência: sua província natal era habitada por quatro grupos etno-lingüístico-religiosos - alemães luteranos, lituanos ortodoxos, poloneses católicos e judeus - cujo ódio mútuo era manipulado pelo governo czarista russo para impedir qualquer articulação pela independência.

Crendo que a existência de uma língua comum seria o primeiro passo para o fim das divergências, Zamenhof publicou em 1887 o primeiro manual do idioma que idealizara. Assim, o Esperanto nasce ao mesmo tempo com um propósito idealista e uma aplicação prática: propõe-se a ser tão somente a “segunda língua de cada indivíduo” e não a substituir os idiomas nacionais.


Se, considerando-se o estágio das comunicações no fim do século XIX, poderíamos aguardar do Esperanto alguma utilização unicamente como código de escrita, observe-se que já em 1905 realizava-se o primeiro congresso internacional de seus usuários, onde a aplicabilidade oral da língua seria testada. A partir de então, os congressos internacionais têm sido o evento máximo do esperantismo mundial.
Graças à conjugação da regularidade absoluta com a transparência lexical, acrescida da ideologia humanista que o acompanha desde sua criação, o Esperanto tem conseguido manter uma taxa de crescimento internacional bastante regular - apesar de retrocessos, como o ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial, período em que muitos esperantistas europeus morreram em campos nazistas, acusados de serem “agentes do sionismo internacional” -, estimando-se hoje um total de dois milhões de esperantistas ativos no mundo.
Uma vez que o Esperanto é sempre uma segunda língua, deve-se mencionar que é impossível, principalmente após o advento da internet, aquilatar-se com rigor metodológico o número exato de seus falantes - assim como também os de Latim. Entretanto, pode-se rastrear os países em que o movimento esperantista é mais ativo, e, dentre estes, destaca-se o Brasil, tanto pelo número de atividades que desenvolve, pelo número absoluto de esperantistas aqui residentes, como por sua antigüidade: a fundação da Liga Brasileira de Esperanto remonta a 1907.


O aumento do número de esperantistas brasileiros tem se refletido também no mercado cultural: além de maior produção e consumo de uma arte produzida em, por e para esperantistas, o mercado que o esperanto representa tem atraído a atenção de elementos alheios a esta cultura; prova disso é a atuação do escritor e cartunista Ziraldo, que publicou versões em Esperanto de seus livros O Menino Maluquinho e Flicts. O escritor declarou que não esperava a repercussão internacional que estes livros tiveram ao alcançar espaços que as traduções em línguas nacionais não atingiriam, por razões políticas, econômicas etc., de que o Esperanto se vê desimpedido.

A sobrevivência e a trajetória do Esperanto subvertem, por si sós, aquele paradigma dos estudos lingüísticos que estabelece que línguas são resultado e espelho de uma cultura e de um povo: no caso do Esperanto, criou-se antes a língua, que hoje expressa uma cultura ainda em processo de formação, e cujo “povo” - em total diáspora e sem pretensões de reunião - não apresenta sequer um passado histórico comum que lhe transmita a consciência de coletivo que se creria necessária. De fato, o único traço comum deste “povo” é o voluntarismo, pois todos que dele fazem parte o fazem por absoluta opção.
Para além da simples subversão de um paradigma, fica nítido que, ainda que sua origem seja artificial, o percurso do idioma provou sua funcionalidade e, mais importante, sua capacidade de engendrar e veicular não apenas informações, mas uma cultura particular, adquirindo, por isso mesmo, aquela “naturalidade” de cuja falta seus detratores sempre lhe acusaram.


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Forte abraço,

Prof. Sérgio Torres

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