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sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Missão Rosetta: asteroides, não cometas, teriam trazido água para a Terra

Contrariando expectativas, a água do cometa 67P, ao redor do qual Rosetta está orbitando, não se parece com a do planeta azul

 

 Quando a sonda Rosetta se aproximou do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, um de seus principais objetivos era analisar a água desse corpo celeste e determinar se sua composição era a mesma da Terra. Um resultado positivo ajudaria a reforçar a teoria de que a água teria sido trazida até aqui pelos cometas.

 

 

A teoria não se comprovou. Um estudo publicado nesta quarta-feira na revista Science mostra que a água presente no 67P é muito diferente da que existe no nosso planeta.
As medições que levaram a essa conclusão foram feitas pelo instrumento Rosina, a bordo da sonda Rosetta, composto por dois espectrômetros de massa e um sensor de pressão, durante os meses de agosto e setembro. Diante do resultado negativo, os pesquisadores, liderados por Kathrin Altwegg, da Universidade de Berna, na Suíça, apontam a possibilidade de a água ter vindo dos asteroides.








Estudo — Para chegar a essa conclusão, os cientistas analisaram a composição da água do 67P. Na Terra, a água é mais comumente formada por átomos de oxigênio com oito prótons e oito nêutrons em seu núcleo (o oxigênio 16) e de hidrogênio com um próton e nenhum nêutron. Mas essa não é a única fórmula encontrada por aqui. A água também pode ser composta por isótopos (átomos de um mesmo elemento químico que diferem em massa) mais pesados, oxigênio 18 (oito prótons e dez nêutrons) e deutério, também conhecido como hidrogênio pesado, com um próton e um nêutron em seu núcleo.
Os instrumentos mediram a quantidade de deutério em comparação com hidrogênio na água do cometa, e o resultado encontrado foi cerca de três vezes o valor da Terra. “Agora sabemos que a água do 67P não é igual à da Terra”, afirma Enos Picazzio, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo. “Mas a água não é igual em todos os cometas. Esses corpos celestes podem ter se formado em várias partes do Sistema Solar”, explica.






Expectativa — Duas “famílias” de cometas já tiveram a composição da água analisada: as da Nuvem de Oort, mais distantes do Sol, e as da família de Júpiter, mais próximas do astro. Só o 67P e o Halley, porém, foram medidos in loco, com a ajuda de sondas espaciais. Nos demais casos, as medições foram feitas por telescópios.
O Hartley 2 e 45/P, cometas da família de Júpiter, têm água relativamente parecida com a da Terra. Já a água do 67P revelou-se mais parecida com a dos cometas da Nuvem de Oort.
“Por hora, a probabilidade mais forte é a água ter vindo dos meteoritos”, afirma Picazzio. Os condritos, meteoritos rochosos, têm a água mais semelhante à da Terra já observada no Sistema Solar. Acredita-se que eles sejam fragmentos de asteroides, os corpos celestes apontados pelos autores do estudo como nova possibilidade de origem da água do planeta azul. “Asteroides são rochosos, mas contêm água congelada, hidrogênio e oxigênio”, diz o professor.



Missões futuras — Há uma semana, a agência espacial japonesa, Jaxa, lançou a sonda Hayabusa 2, que percorrerá 300 milhões de quilômetros para chegar, em 2018, ao asteroide 1999 JU3, com objetivo de recolher amostras dele. Paralelamente, a Nasa planeja para o ano que vem o lançamento da OSIRIS-REX, com destino ao asteroide Bennu, para recolher amostras em 2019.



Rosetta continua sua órbita ao redor do cometa, recolhendo informações, até seu ponto de aproximação máxima com o Sol, que deve ocorrer em agosto de 2015. Philae colheu informações do cometa e as enviou para a Terra, mas atualmente está em estado de hibernação, por falta de bateria. A missão está prevista para terminar em dezembro de 2015.


Dados da missão Rosetta ajudam a confirmar teorias científicas

Primeiros dados divulgados mostraram que o cometa é composto por gelo e possui moléculas orgânicas, informações que ajudam a aumentar a precisão dos modelos científicos

 

 

Os primeiros resultados obtidos a partir dos dados enviados à Terra pelo módulo Philae mostraram que o cometa é composto por gelo duro e possui moléculas orgânicas. O robô passou quase três dias realizando estudos científicos na superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Apesar de previstas nas teorias sobre esses corpos celestes, as informações recolhidas são importantes porque confirmam e ajudam a aumentar a precisão dos modelos científicos.


O cometa é um objeto de estudo relevante para pesquisas sobre o surgimento dos planetas e a origem da vida na Terra porque são considerados “fósseis” da formação do Sistema Solar, há 4,6 bilhões de anos. “Eles são os objetos mais antigos do Sistema Solar e permanecem protegidos do calor do Sol, pois passam a maior parte do tempo em locais distantes e muito frios. Isso conserva suas características originais”, explica Enos Picazzio, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo.


Por essa razão, um dos principais objetivos do Philae na superfície do cometa era buscar a água e material orgânico presente nesse corpo celeste. De acordo com algumas teorias, cometas podem ter trazido para a Terra água ou componentes orgânicos necessários ao surgimento da vida. 


Formação da vida — A existência de moléculas orgânicas no cometa foi confirmada pela Agência Espacial Europeia (ESA), embora os detalhes sobre essas substâncias ainda não tenham sido divulgados. A presença delas já era esperada pelos cientistas, que as observam da Terra de forma indireta, por meio da análise do espectro de luz emitido por esses corpos celestes – diferentes comprimentos de onda indicam diferentes tipos de moléculas.
“Os resultados por enquanto estão confirmando a teoria mais aceita, mas certamente o Philae vai encontrar dados que até agora a gente não tinha, porque não podem ser observados pelo telescópio”, afirma o professor. Análises mais detalhadas dos dados enviados pelo módulo vão ajudar a determinar se essas moléculas poderiam ter constituído as bases necessárias para o surgimento da vida na Terra. Nos meteoritos, por exemplos, também já foram encontradas moléculas orgânicas, mas muito diferentes daquelas que formam a vida no nosso planeta.



Água — Outra teoria posta à prova é a de que a água da Terra poderia ter sido trazida pelos cometas. Para isso, o módulo foi programado para estudar se a composição química da água do cometa é semelhante à do planeta azul. Na Terra, a água é mais comumente formada por átomos de oxigênio com oito prótons e oito nêutrons em seu núcleo (o oxigênio 16) e de hidrogênio com um próton e nenhum nêutron. Mas esta não é a única opção. Ela também pode ser composta por isótopos (átomos de um mesmo elemento químico que diferem em massa) mais pesados, o oxigênio 18 (oito prótons e dez nêutrons) e deutério, também conhecido como hidrogênio pesado, com um próton e um nêutron em seu núcleo.


“O satélite Encélado, de Saturno, por exemplo, é riquíssimo em água, mas essa água é diferente da água terrestre. Ela tem mais deutério”, explica Picazzio.  “A água encontrada nos cometas Halley, Hyakutake, Helo-Bopp, Turtle, Ikeya-Seki, que foram cometas brilhantes, se parece mais com a água de Encélado. Já os cometas Hartley 2 e 45/P têm água parecida com a água da Terra”, completa o pesquisador. Isso significa que, ainda que os dados enviados pelo Philae mostrem que a água do cometa 67P é composta por oxigênio 16, como a da Terra, não vai ser possível afirmar que o mesmo ocorre com todos os cometas ou deduzir que ela certamente foi trazida para cá por esses corpos celestes.


Relevância —“É importante lembrar que isso não diminui em absoluto a importância da missão Rosetta”, alerta Picazzio. A ciência se baseia em modelos teóricos, que aos poucos vão sendo “calibrados” ou provados, de acordo com o avanço das pesquisas. “Quando os astronautas trouxeram amostras lunares, os pesquisadores não encontraram coisas que nunca haviam imaginado, mas puderam fazer experimentos de alta precisão e ajustar seus modelos e teorias”, afirma. “Os experimentos que estão sendo feitos pelo Philae e pela Rosetta serão únicos porque é a primeira vez que tal façanha é realizada”.


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