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sexta-feira, 22 de março de 2019

DIA 22/03 DIA INTERNACIONAL DA ÁGUA (ONU) - A FALTA É CULPA DO BRASIL? @fisicaseculo21



Estima-se que um bilhão de pessoas carece de acesso a um abastecimento de água suficiente, definido como uma fonte que possa fornecer 20 litros por pessoa por dia a uma distância não superior a mil metros. Essas fontes incluem ligações domésticas, fontes públicas, fossos, poços e nascentes protegidos e a coleta de águas pluviais.
As Nações Unidas vêm enfrentado a crise global causada pela crescente demanda global de recursos hídricos para atender às necessidades agrícolas e comerciais da humanidade, bem como crescente necessidade de saneamento básico.
Conferência das Nações Unidas para a Água (1977), a Década Internacional de Abastecimento de Água Potável e Saneamento (1981-1990), a Conferência Internacional sobre Água e Meio Ambiente (1992) e a Cúpula da Terra (1992) foram todas voltadas para este recurso vital. A Década, em especial, ajudou cerca de 1,3 bilhão de pessoas nos países em desenvolvimento a obter acesso à água potável.
Em 1992, a Assembleia Geral da ONU declarou 22 de março o Dia Mundial da Água por meio da resolução 47/193.
Embora seja de vital importância para sobrevivência de todos nós. As informações dadas as populações são de interesse da ONU e de alguns países que têm influência para culpar a falta de água a países, como o Brasil, que não contribui em nada com a falta de água no planeta e acaba pagando a conta.
Veja a reportagem que saiu em 31 de agosto de 2014 quando teve "aquela" seca em São Paulo:

Na edição de 31 de agosto, o programa Fantástico da Rede Globo de Televisão dedicou mais de 11 minutos à seca que tem afetado a Região Sudeste, em especial, o estado de São Paulo. O destaque é relevante, devido à dimensão do problema, mas, em vez de discutir as suas causas estruturais, a reportagem preferiu apontar um inesperado responsável: a “devastação desenfreada da Amazônia”.
Segundo a reportagem, é a Amazônia que “bombeia para a atmosfera a umidade que vai se transformar em chuva nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. Quanto maior o desmatamento, menos umidade e, portanto, menos chuva. E sem chuva, os reservatórios ficam vazios e as torneiras, secas”.
O único senão é que a reportagem se baseou apenas nas opiniões de cientistas alinhados com a abordagem alarmista sobre os temas climáticos, em vez de consultar cientistas climáticos com outra visão e, principalmente, especialistas em recursos hídricos, que responsabilizam pelo problema as falhas de planejamento e gestão por parte da concessionária Sabesp, que não teria se preparado adequadamente para uma tal situação.
De forma sensacionalista, a reportagem classifica o combate ao desmatamento como uma “guerra contra a cobiça” e situa a origem da questão à construção das primeiras estradas que levavam ao interior da Amazônia, há quatro décadas, permitindo a colonização da região. Segundo o texto, tais vias “acabaram facilitando também o acesso de exploradores gananciosos e sem escrúpulos. Um crime ambiental que ainda está longe do fim”. E acrescentou, em tom grave: “20% das árvores da Amazônia original já foram para o chão. Restaram imensas clareiras que somam uma área maior que a França e a Alemanha juntas.”
Na sequência, a reportagem ligou o desmatamento amazônico à seca no Sudeste, dando voz ao climatologista Gilvan Sampaio, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE): “Essas chuvas que ocorrem principalmente durante o verão, a umidade é oriunda da Amazônia. E essa chuva que fica vários dias é que recarrega os principais reservatórios da Região Sudeste.”
A base científica para a reportagem foi um estudo com projeções climáticas para a Amazônia, que será divulgado oficialmente no final do ano, na 20ª. Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-20), em Lima, Peru. O trabalho, desenvolvido por diversos cientistas do INPE e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), traça um roteiro das chuvas no continente sul-americano. Segundo o estudo, o que torna a Amazônia diferente de todas as grandes florestas equatoriais do planeta é a Cordilheira dos Andes, com 7 mil metros de altitude e que impede que as nuvens se percam no Oceano Pacífico; em vez disto, elas são retidas e desviadas para o Sul.

O pesquisador do INPA, Antônio Nobre, sustenta tal tese, ao afirmar: “Esses ventos viram aqui e se contrapõem à tendência natural dessa região aqui de ser deserto. É uma região que produz 70% do PIB da América do Sul – região industrial, agrícola, onde está a maior parte da população da América do Sul.”
Segundo o estudo, diariamente, cada árvore amazônica bombeia na atmosfera uma média de 500 litros de água, sendo que a Amazônia inteira seria responsável por levar 20 bilhões de toneladas de água por dia do solo à atmosfera – o que superaria, em 3 bilhões de toneladas, a vazão diária do rio Amazonas.
“Se você tivesse uma chaleira gigante ligada na tomada, você precisaria de eletricidade da Usina de Itaipu, que é a maior do mundo em potência, funcionando por 145 anos para evaporar um dia de água na Amazônia. Quantas Itaipus precisaria para fazer o mesmo trabalho que as árvores estão fazendo silenciosamente lá? 50 mil usinas Itaipu”, disse Nobre, ilustrando a tese.
A reportagem observa que esse fluxo enorme de água pela atmosfera até o Centro-Sul do Brasil é chamado de “rios voadores”. Segundo Sampaio, “para quem está no Brasil, seja Porto Alegre ou Manaus ou São Paulo tem que saber que a água que consome em sua residência, uma parte dela vem da Amazônia e que por isso temos que preservar”.

Imagens de satélite incluídas no estudo demonstrariam que, no estado de São Paulo, por exemplo, a devastação da Mata Atlântica tem permitido a formação de uma massa de ar quente na atmosfera. Tal massa seria tão densa que impediria a chegada dos “rios voadores”, redundando em seca na região, enquanto as nuvens acabam desaguando no Acre e em Rondônia, explicando simultaneamente a estiagem no Sudeste e as grandes cheias registradas no Norte do País, no primeiro semestre.

A reportagem ainda proporcionou uma aula de sensacionalismo, ao afirmar, com o tom de alarde típico dos militantes “verdes” mais ardorosos: “Os gráficos do INPE revelam que os desmatamentos na Amazônia já caíram aos níveis mais baixos das últimas duas décadas, mas ainda que tivessem sido completamente zerados, os cientistas não estariam tranquilos. Eles alertam que é preciso também reflorestar as áreas desmatadas antes que seja tarde (grifo nosso).”
A chave de ouro do catastrofismo foi oferecida por Nobre: “Existe um fato simples: se você tira floresta, você tira fonte de umidade, muda o clima. E nós tiramos floresta. Isso foi o que a gente fez nos últimos 40 anos. O clima é um juiz que sabe contar árvores, que não esquece e não perdoa.”
O outro lado da história
Em e-mail enviado ao Alerta em Rede, o climatologista Luiz Carlos Baldicero Molion, pesquisador aposentado do INPE e professor aposentado da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), observou:
Essa matéria do Fantástico não tem base científica alguma. É que os leigos acreditam que a floresta, por sua evapotranspiração, fornece umidade para a atmosfera. Ao contrário, devido à rugosidade, ou aspereza aerodinâmica da superfície para o escoamento do ar, a turbulência e a atividade convectiva (formação de nuvens e chuva) é maior com a presença da floresta. Ou seja, a presença da floresta faz com que a umidade que entra na região vinda do Oceano Atlântico Norte, a principal fonte de umidade para as chuvas de verão no Brasil, seja mais eficientemente transformada em chuva sobre a Amazônia. Assim, se ocorresse um desmatamento em grande escala, a rugosidade diminuiria, choveria menos na Amazônia e mais umidade seria transportada para o Sudeste e Centro Oeste e choveria mais, e não menos, em São Paulo.
Outro questionamento à reportagem veio da Federação de Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), por meio de uma nota oficial assinada pelo seu presidente, Carlos Fernandes Xavier. Segundo a entidade, é injusto
que se utilize da falácia de imputar um suposto desmatamento da Amazônia como causa primária e última da falta d’água nas torneiras paulistas. As bases sulistas da Rede Globo não lhe conferem autoridade para atribuir a nós, da Amazônia, as culpas pelo que representa a consequência da própria história de uma região que não soube preservar o seu território e destruiu a Mata Atlântica desde que os colonizadores lusos aqui aportaram. (…)
Não nos cansamos de denunciar que existem interesses escusos, travestidos de falso ambientalismo, que é despido de qualquer fundamentação científica confiável, sempre interessados em se sobrepor ao desenvolvimento da Amazônia e travar suas possibilidades de crescimento e integração. Ora se afirma que as regiões Sul e Sudeste verão elevados tanto o índice das chuvas como o volume dos seus cursos d’água, na contramão da bacia hidrográfica amazônica (com vaticínios de seca em menos de 50 anos), ora se proclama que a seca transformada em flagelo no setentrião brasileiro tem um único culpado: o desmatamento na Amazônia. (…)
Há um indisfarçável interesse, no contexto da economia mundial, ao qual se agregam, por inocência ou má-fé mesmo, alguns setores de nossa grande imprensa, dos países mais ricos em deter o avanço mais célere das nações em franco desenvolvimento, como é o caso do Brasil, forçando a adoção de métodos de produção mais caros. É preciso que tenhamos a compreensão exata de que ninguém vai nos alimentar gratuitamente! E a nossa vocação natural, na Amazônia, está centrada na produção de alimentos para os seus 20 milhões de habitantes e, ainda, para o resto do Brasil e do planeta.
A nota conclui com um veemente protesto:
Possuímos projetos de extraordinária relevância para o Brasil e o mundo – como é o caso do PROJETO PRESERVAR – com a premissa do DESMATAMENTO ZERO, prevendo a reversão de 11 milhões de hectares da pecuária para a agricultura e investindo fortemente no pastejo rotacionado intensivo, aproveitando-se exclusivamente os 24% de nosso território já antropizado (o Pará tem 76% de sua área inteiramente preservada). Essa matéria, contudo, não é de interesse para o Fantástico, que considera mais cômodo atribuir a outrem a culpa que está bem debaixo do seu nariz.
É de se lamentar que a produção do Fantástico não tenha aproveitado a oportunidade e os formidáveis recursos da Rede Globo de Televisão, para expor o problema crucial do abastecimento de água para a maior metrópole brasileira com um enfoque objetivo e educativo, em lugar de desinformar os telespectadores, insistindo em bater na tecla do alarmismo climático.




                                                     Sergio Torres

                   



Curso De Física - Prof. Sérgio Torres                                       





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