Em 1699 o físico francês Guillaume Amontons (1663-1705) descobriu que, para um volume constante de ar, a pressão e a temperatura são diretamente proporcionais. Essa descoberta o levou, em 1703, a sugerir a existência de uma temperatura mínima para a qual a pressão do ar se anularia. Veja o gráfico:
Essa ideia era tão estranha e ousada para a época, que Amontons não foi levado a sério. Suas conclusões foram esquecidas, inclusive a relação entre pressão e temperatura, correta e compreensível, que poderia ter antecipado em quase um século a descoberta de Charles e Gay-Lussac.
Como em qualquer campo da atividade humana, em ciência a ousadia nem sempre é bem-vinda. Um século depois de proposta, a sugestão de Amontons ainda era fortemente rejeitada.
O físico americano, radicado na Inglaterra, Benjamin Thompson afirmava que qualquer tentativa na busca do "frio absoluto" era perda de tempo. Gay-Lussac, na mesma época, dizia que essa ideia era "totalmente quimérica".
Mas, em 1848, o físico britânico William Thomson, lorde Kelvin, propôs a criação de uma nova escala, a escala absoluta de temperatura, em que o zero fosse deslocado para essa antiga, quimérica e inaceitável temperatura mínima. No entanto, como veremos noutro episódio desta história, a fundamentação teórica de lorde Kelvin era outra. A de Amontons era simples demais para ser verdadeira.
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Prof. Sérgio Torres