As cinco maiores descobertas da nave Messenger sobre Mercúrio

Na última quinta-feira, a missão Messenger, da Nasa, chegou ao fim. Conheça as principais revelações da sonda que, em onze anos de atividade, ajudou a desvendar Mercúrio

A sonda Messenger caiu nesta quinta-feira na superfície de Mercúrio, criando uma cratera de 16 metros e colocando fim a uma histórica missão da Nasa que contribuiu para conhecer melhor um dos planetas mais difíceis de serem analisados.

A queda planejada aconteceu quando a sonda ficou sem combustível, a uma velocidade de 14.080 quilômetros por hora, às 16h26 (no horário de Brasília), após ter completado 4.104 órbitas ao redor do planeta.

"Bom, acho que é o momento de dizer adeus a todos meus amigos, família e equipe de apoio. Farei meu impacto final muito em breve", foi última mensagem na conta do Twitter da missão, pouco antes do choque contra Mercúrio.

A Messenger, missão que custou 450 milhões de dólares, foi lançada em agosto de 2004 e, em 2011 se tornou a primeira sonda a orbitar ao redor de Mercúrio, planeta mais próximo ao Sol e, por isso, misterioso para os cientistas. Além de suportar o calor solar, uma sonda em viagem ao planeta deve se deslocar a 104.607 quilômetros por hora para alcançá-lo.

"(A sonda) se apagou com um 'bang' ao atingir a superfície de Mercúrio. A missão continuará dando aos cientistas novos resultados na nova fase, a de analisar os dados que já temos nos arquivos para seguir resolvendo os mistérios de Mercúrio", comentou em comunicado John Grunsfel, administrador associado do diretório científico da Nasa.

Descobertas - Entre suas grandes descobertas, Messenger determinou a composição da superfície de Mercúrio, revelou sua história geológica, descobriu que seu campo magnético interno está desviado do centro do planeta e certificou que seus depósitos polares são, principalmente, água gelada.

Os dados proporcionados pela sonda da Nasa são os primeiros que chegam dos arredores de Mercúrio desde os enviados pela Mariner 10, também americana, entre 1974 e 1975.

Veja algumas das principais descobertas da missão sobre o planeta:

O planeta tem muita água

A face de Mercúrio voltada para o Sol chega a uma temperatura de 427 graus. Para os cientistas foi uma grande surpresa descobrir que em seus polos, o planeta guarda toneladas de água e gelo. As medições de radares na Terra sugeriam a existência de água no fundo das crateras, mas foram os dados enviados pela sonda Messenger que confirmaram sua existência. Em algumas depressões do terreno a temperatura não passa de 190 graus negativos e elas estão repletas de gelo. Os astrônomos acreditam que toda essa água tenha chegado com o impacto de corpos celestes no planeta.      

        

Está encolhendo

Os cientistas sabiam que o planeta, que tem cerca de um terço da tamanho da Terra, estava encolhendo. No entanto, as primeiras medições da missão revelaram que esse processo ocorre o dobro da velocidade esperada. Atualmente, o planeta tem um diâmetro de 4 879 quilômetros – pouco mais que nossa Lua (que tem 3 275 quilômetros). Em seu início, devia ter pelo menos 22 quilômetros a mais.         

Seu passado foi vulcânico

A primeira missão enviada ao planeta mostrou alguns indícios de vulcões no planeta, mas as imagens tinham pouca definição e os dados foram inconclusivos. Com a aproximação da sonda de Mercúrio, em 2011, os astrônomos puderam ver montanhas e depressões que comprovaram a existência de uma intensa atividade vulcânica nos primeiros bilhões de anos após a formação do planeta. Ao que tudo indica, eles não estão ativos desde então.               

Há muito ferro em seu interior

As primeiras informações a respeito do planeta mostraram que ele é extremamente denso. Uma das explicações, confirmada pela missão, é que seu núcleo é desproporcionalmente grande e rico em ferro, em sua forma sólida e líquida. Por volta de 60% da massa do planeta corresponde a esse núcleo. Os cientistas ainda não sabem como isso aconteceu pois, em princípio, um núcleo tão denso só poderia surgir se algumas camadas da superfície do planeta simplesmente desaparecessem em algum momento.       

       

É cercado por um campo magnético

Como a Terra, Mercúrio tem um campo magnético ao seu redor, provavelmente criado por seu núcleo repleto de ferro. Isso não acontece em planetas como Vênus ou Marte. A sonda Messenger revelou que esse campo não é regular como o terrestre, irradiado a partir do centro do planeta, mas deslocado. O maior campo de força está próximo do polo norte. Os cientistas esperam que os últimos dados enviados pela sonda ajudem a explicar esse fenômeno, ainda incompreendido.      

             

Forte abraço,
Prof. Sérgio Torres
Dicas de Física e Super Interessantes

                                                     Sergio Torres

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