A espaçonave Messenger da Nasa, em órbita ao redor de Mercúrio há quatro anos, encerrou suas atividades na quinta-feira.
O caminho da Messenger vai cruzar com a superfície do planeta. O impacto da espaçonave de 500 quilos a 14.000 quilômetros por hora deve abrir uma cratera de 15 metros de diâmetro.
Esse será o fim de uma missão que exibiu uma imagem inusitada de Mercúrio, que até pouco tempo era visto como uma rocha sem graça, não muito diferente da lua terrestre. Mercúrio, o menor planeta do sistema solar, é pouco maior que a lua, embora passe por variações de temperatura muito mais drásticas – de 425o Celsius durante o dia a 185o negativos durante a noite.
"Foi incrível poder ver este planeta se revelar, especialmente em se tratando de um dos nossos vizinhos. Quase todos os aspectos de Mercúrio nos surpreenderam de alguma maneira", afirmou Sean C. Solomon, principal pesquisador da missão.
A missão Messenger descobriu que o planeta diminuiu de tamanho à medida que foi resfriado ao longo de bilhões de anos; encontrou antigos fluxos de lava; revelou algumas depressões enigmáticas que estão entre as características mais recentes da superfície de Mercúrio; além de confirmar a presença de gelo nas crateras eternamente escuras próximas aos polos.
O gelo, que talvez tenha alguns bilhões de toneladas, não foi uma surpresa completa. Observações feitas com telescópios a rádio indicavam que alguma coisa refletia nessas crateras, que são extremamente frias. Além de confirmar o que os cientistas já suspeitavam, a espaçonave Messenger fez uma nova descoberta: o gelo está coberto por uma inexplicável camada escura.
"Nós levantamos algumas hipóteses", afirmou Solomon. O material pode ser um composto rico em carbono, parecido com substâncias encontradas em determinados meteoritos e cometas. "Sua consistência é similar à do piche. E a substância é escura como alcatrão".
A maior descoberta científica da missão, de acordo com Solomon, foi que Mercúrio é rico em elementos "voláteis", como cloro, enxofre, potássio e sódio, que evaporam facilmente a temperaturas moderadas. Mercúrio é um planeta pequeno e denso, cheio de ferro e muitos acreditavam que a maneira pela qual ele teria se formado deveria ter elevado o planeta a temperaturas que teriam evaporado todos esses elementos voláteis. Contudo, eles continuam no planeta.
Por essa razão, os cientistas criaram novas teorias para explicar sua formação.
Quando a Nasa lançou a Messenger em 2004, o conhecimento acerca de Mercúrio era escasso. As únicas fotos da superfície tinham sido tiradas durante as três passagens da sonda Mariner 10 da Nasa, ainda nos anos 70.
Durante mais de seis anos, a Messenger passeou por todo o sistema solar interior, aproximando-se da Terra, de Vênus e de Mercúrio, até se desacelerar o suficiente para entrar na órbita deste. No dia 18 de março de 2011, a espaçonave finalmente chegou a seu destino. A missão orbital deveria durar apenas um ano, mas foi prolongada em duas ocasiões.
Contudo, o combustível dos propulsores da espaçonave chegou ao fim. Os engenheiros tiveram a ideia de utilizar o hélio pressurizado que leva o combustível aos propulsores para fornecer o empuxo necessário para que a espaçonave ficasse em órbita um pouco mais de tempo.
A última tentativa fez a altitude mínima da espaçonave passar de 8,2 para 18,2 quilômetros na sexta-feira passada, um pouco menos do que os engenheiros esperavam. Uma última manobra foi planejada para esta terça-feira. Porém, o hélio já chegou ao fim e o ponto mais baixo da órbita vai diminuir novamente. A Messenger, que não parou de coletar dados, vai se chocar com a superfície do planeta ainda nesta quinta-feira.
Solomon estará no centro de operações da missão, no Laboratório de Física Aplicada Johns Hopkins, em Laurel, Maryland. "Infelizmente, o processo todo vai ser um anticlímax", afirmou
Quando o choque ocorrer, a Messenger estará atrás de Mercúrio e longe das vistas da Terra. Solomon e o resto da equipe só terão certeza da sua destruição horas depois, quando a espaçonave não reaparecer em sua órbita ao redor do planeta.
"Será um momento de tristeza", afirmou.
Contudo, até mesmo sua destruição pode trazer informações novas, ao expor o que existe abaixo da superfície – embora ainda vá levar algum tempo até que seja possível ver a cratera.
A Nasa ainda não planejou nenhuma nova missão com destino a Mercúrio, mas uma ambiciosa colaboração das agências espaciais da Europa e do Japão chamada BepiColombo deve ser lançada em 2017. Acredita-se que ela estará na órbita de Mercúrio no ano 2024.
Essa missão consiste em dois orbitadores, um que se concentrará na superfície do planeta, e o outro no espaço próximo, oferecendo ainda mais detalhes que a Messenger.
Johannes Benkhoff, o cientista de projetos do BepiColombo na Agência Espacial Europeia, descreveu a Messenger como uma "missão realmente fantástica".
"É ótimo que tenhamos a BepiColombo para acompanhar as descobertas da Messenger. Elas nos forneceram muitos novos resultados, resultados inesperados."
A BepiColombo recebeu o nome em homenagem a Giuseppe Colombo, cientista italiano apelidado de Bepi que estabeleceu as trajetórias que permitiram as 10 passagens da sonda Mariner, da Nasa.
Solomon também está empolgado com a próxima viagem a Mercúrio. "Existem muitas coisas sobre Mercúrio que ainda quero aprender", afirmou.
Forte abraço,
Prof. Sérgio Torres
Dicas de Física e Super Interessantes
Sergio Torres
link para Grupo de Física
link para Dicas de Física e Super Interessantes
link para You Tube
link para APOSTILAS
link para FIQUE POR DENTRO
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é muito importante
Obrigado
Prof. Sérgio Torres